[title]
Depois de ter sido apresentada no Museu de Boulogne-sur-Mer, a exposição “Veloso Salgado - De Lisboa a Wissant. Itinerário de um pintor português" chegou a Lisboa. A inauguração aconteceu na passada quinta-feira, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC), onde ficará patente até 20 de Setembro. A curadoria é de Maria de Aires Silveira com Elikya Kandot, directora do museu francês.
Com cerca de 70 obras, a mostra inclui o legado do pintor, uma doação feita ao museu, e obras do seu itinerário artístico em França, que passou por Paris, Bretanha e Wissant. Integram esse legado várias pinturas, mas também fotografias, objetos que pertenciam à casa de família e cartas entre Veloso Salgado e o casal de artistas Virginie Demont-Breton e Adrien Demont Demont.
“Nesta exposição focamo-nos no período que [o artista] passou em França. Conviveu com artistas franceses, que de certo modo, foram referência e uma fonte de inspiração para Veloso Salgado”, conta a curadora do museu, Maria Aires Silveira. Amor e Psyché (1891) e A família de Caim (1864-1945) são prova desta influência.
Retratista, paisagista e professor na Academia de Belas Artes, Veloso Salgado deixou a sua marca na geração naturalista, ao lado de nomes como Columbano Bordalo Pinheiro, José Malhoa e Sousa Pinto, entre outros. Nasceu em Espanha, mas naturalizou-se em Portugal, partindo depois para Paris, onde trabalhou com o paisagista Jules Breton. Foi neste período que integrou o Grupo da Escola de Wissant, no Norte de França, e que se relacionou com o casal Demont, com quem criou uma estreita relação. “Há uma amizade e grande cumplicidade. Não propriamente influências, mas inspiração e referência”, afirma Maria Aires Silveira. Segundo a curadora, talvez tenha sido precisamente em França que o pintor alcançou o auge da sua carreira artística.
A herança de Salgado inclui algumas obras de artistas franceses, como um quadro do paisagista Fernand Stiévenart, com uma dedicatória ao pintor português. Foi, aliás, a partir do espólio de 400 peças doadas ao museu que a exposição se concretizou. A visita inicia-se com um espaço dedicado à mostra de peças de joalharia – destacando-se uma jóia em ouro com um escaravelho natural –, móveis da casa de Veloso Salgado, quadros de família e a correspondência entre o pintor e outros artistas franceses, com quem manteve uma estreita relação de amizade, mesmo depois de regressar a Portugal.
“Trata-se de uma recriação do espaço, inclusivamente com duas cadeiras, com uma ampliação do salão, alguns móveis – e assim, transmite-se uma ideia do gosto do Veloso Salgado. Foi este legado que nos permitiu perceber que havia aqui casos de estudo”, continua a curadora do MNAC.
A exposição segue, já no andar de cima, com a apresentação de várias obras do artista, desde os tempos de aluno na escola de Belas Artes, até aos anos que passou em solo francês. Além do seu trabalho, estão também expostas obras de pintores franceses que influenciaram a carreira artistica de Salgado e que, de certo modo, estabeleceram laços de amizade com o pintor. “É engraçado observar estas cumplicidades artísticas."
MNAC. Rua Serpa Pinto, 4 (Chiado) Ter-Dom 10.00-18.00. Até 20 de setembro. 4,50€
Texto editado por Vera Moura
+Cascais inaugura exposição dedicada às alterações climáticas
+Acha que Lisboa é culta? Conte-nos tudo através do inquérito da Time Out