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O momento de activismo transoceânico do Festival Iminente: numa parceria com a Amnistia Internacional, a street art exige justiça pelo assassinato da vereadora brasileira.
Vhils junta-se às incontáveis vozes de um lado e de outro do Atlântico: “Quem matou Marielle Franco?”. O artista português aceitou o desafio da Amnistia Internacional para se juntar à Brave Walls, uma iniciativa sem fronteiras que recorre à street art para despertar consciências, e criou um mural dedicado à activista brasileira, assassinada há seis meses.
Vereadora municipal do Rio de Janeiro, Marielle Franco pugnava pelos direitos de minorias e marginalizados. Era ela própria a síntese de todas as comunidades que defendia de uma forma que era cada vez mais visível: as mulheres negras, as pessoas LGBTI e os jovens proscritos das imensas favelas cariocas. Foi morta a tiro a 14 de Março, aos 38 anos, quando seguia de carro com o seu motorista, Anderson Gomes, também assassinado.
A investigação judiciária está num impasse, o que tem levado familiares, amigos e aliados a denunciar o interesse político em abafar o caso. O diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, não vai tão longe. Mas quer ver resultados e não deixar o caso cair no esquecimento. “Queremos tornar o caso de Marielle Franco o mais visível possível – não só para celebrar a sua vida inspiradora e continuar a lutar pelas causas que lhe eram queridas, mas também garantir que os seus assassinos são levados à justiça. É a arte, de forma pacífica e audível, a exigir justiça e direitos humanos”, disse, em comunicado.
Mônica Benício, a companheira de Marielle, viajou até Lisboa para estar presente na inauguração do mural durante o Festival Iminente, que decorre de 21 a 23 de Setembro no Panorâmico de Monsanto. “A expressão da arte, em todas as suas formas, é capaz de nos sensibilizar e mobilizar na luta por justiça. Em tempos sombrios e de retrocessos em todo o mundo, é fundamental ocuparmos todos os espaços”, sublinha Mônica Benício na mesma nota.
Vhils mostra-se “honrado com o convite da Amnistia Internacional para participar na sua campanha para consciencializar para a vida e para o trabalho de Marielle Franco”. “Poder usar a minha arte para lançar uma luz sobre o seu caso é um privilégio”, concluiu.