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Chama-se “Viagem” e é a mais recente exposição colectiva com curadoria de Felipa Almeida. A convite da Manufactura das Tapeçarias de Portalegre, a mostra, que põe em diálogo a tapeçaria e a cerâmica, inaugurou na passada quarta-feira, na Galeria Tapeçarias de Portalegre, em Lisboa, e pode ser visita até dia 1 de Junho.
Depois de seleccionar cinco tapeçarias manufaturadas em Portalegre, Felipa Almeida desafiou cinco artistas a criar peças de cerâmica inspiradas nestas obras têxteis. O resultado foi “uma viagem no tempo, entre gerações, artistas, técnicas e materiais”, como conta a curadora da exposição à Time Out.
O título “Viagem” não foi escolhido ao acaso. Para além de duas das obras de tapeçaria terem este mesmo nome, a construção da exposição resultou em diversas viagens. “As tapeçarias estavam em Portalegre, nós estávamos em Lisboa e tivemos de fazer esta viagem para visitar a manufactura. Depois, cada ceramista trabalhou com uma tapeçaria e surgiu uma nova viagem: conhecer o artista, o trabalho, as diferentes gerações e nacionalidades que existiam.”
A relação da arte têxtil com a cerâmica nasceu de um diálogo que, para Felipa Almeida, fazia todo o sentido. "A lã e o vidrado da cerâmica têm umas texturas, um brilho e uns contrastes que achei que resultariam em algo muito interessante. São dois materiais bonitos para casar”, acrescenta.
A exposição resultou, também, da vontade de trazer à capital o artesanato alentejano e relembrar a sua importância enquanto património cultural português. “Sinto que existem muitos portugueses que não conhecem esta herança artesanal, que é a manufactura de tapeçarias. Estava com muita vontade de partilhar com as pessoas este tesouro nacional.”
Nas paredes da galeria encontram-se desenhos em tapeçaria do surrealista português Cruzeiro Seixas, assim como de Menez, Emília Nadal, Henriette Arcelin e Carlos Botelho. Junto às respectivas tapeçarias, estão expostas as peças em cerâmica, criadas pela Oficina Marques e Aramy Machry.
Junta-se, ainda, a ceramista portuguesa Maria Paz Aires, e as francesas Maud Téphany e Henriette Arcelin. “Cada abordagem foi diferente. Alguns [artistas] foram buscar elementos visuais e padrões que estão dentro da tapeçaria. Outros simplesmente usaram-nas como uma evocação mais poética e abstracta” descreve ainda Felipa Almeida.
Como se de uma visita aos bastidores se tratasse, o visitante pode ainda ver os rascunhos em aguarela e as tonalidades das lãs que deram origem às peças de tapeçaria em exposição.
Rua da Academia das Ciências, 2J (São Bento). Ter-Qui 14.00-19.30. Até 1 Jun. Entrada livre
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