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Vincent Farges tem uma estrela Michelin no Chiado, mas na Aroeira, na Charneca da Caparica, onde acaba de chegar, não quer usar o nome para chamar clientela, até porque a cozinha que aqui se faz, apesar de toda a exigência, está longe da realidade do Epur. “Eu quero tirar a etiqueta que está colada a mim, que diz que o chef é só estrelas Michelin, é inacessível, só sabe fazer a grande cozinha. Não, eu sou cozinheiro, sei cozinhar. Aqui o objectivo é oferecer uma comida generosa, saborosa, aberta a todos.”
O desejo de ter mais do que o restaurante estrelado existia há muito tempo, mas a oportunidade para abrir este La Villa surgiu no final do ano passado quando conheceu os novos sócios. “Foi um bocadinho amor à primeira vista. O encontro correu muito bem, não só falamos a mesma língua [francesa], como temos a mesma língua em termos de profissionalismo, de exigências e do que queremos em termos de restauração”, conta, revelando que o objectivo, a longo prazo, é continuar a investir na Margem Sul. “Pourquoi pas [Porque não]?”, responde, numa alusão ao nome do grupo, admitindo que Lisboa começa a ficar saturada com tanta oferta.
Na capital, seria até difícil conseguir um espaço como este, uma bonita casa a cinco minutos da praia, com uma esplanada tão grande como a sala interior; tem ainda um bar com grill – onde Vincent espera começar a servir almoços e jantares –, um jardim, uma horta e uma zona para um outro lounge.
“Quando vim visitar as instalações, isto parecia um bunker, mas quando se abre um projecto assim tem que se conseguir ver além. Esta casa tem imenso potencial e foi feito um trabalho excepcional”, continua. E avisa, sem rodeios: “Não é porque a casa está bonita e parece luxuosa que eu vou fazer preços três vezes acima do que deveria. O objectivo desta casa é realmente de encher, conseguir alcançar toda a clientela da zona.”
Para isso, Vincent pensou numa carta mais ecléctica, sem amarras, submetido apenas a uma única regra: “Fazer boa comida”. “Parece simples, mas não é nada fácil”, defende o chef, que já no Time Out Market mostra uma faceta diferente daquela do Epur. “Aqui, não tenho fronteiras, não há barreira. A liberdade é total em termos de elaboração. Posso fazer um bocadinho de fusão, posso fazer um bocadinho de francês, um bocadinho de português, posso ir buscar mexicano porque gosto de qualquer coisa mexicana. Faço o que me passar pela cabeça, tem é que estar bom, saboroso e ser servido generosamente”, explica.
Dividido entre petiscos para partilhar, entradas, pratos principais e sobremesas, o menu combina pratos tão distintos como um creme de castanhas com faisão e foie gras (18€) ou um peixe dos Açores com kefir e óleo de coentros (17,50€) para iniciar a refeição, até uma marmita de peixes com bivalves, molho de vinho branco e combava (26€), um lombo de novilho com cogumelos e molho com vinho da Madeira (29,50€), e conchiglioni com crustáceos e molho de lavagante (28€) para continuar. Há ainda o hambúrguer La Villa (17,50€), que também se tem vindo a distinguir. Nos doces, a mousse de chocolate leva caramelo salgado e amendoins torrados (8€) e o brownie é de pistáchio, servido com framboesas e um gelado de iogurte (8€).
O desafio agora é estabilizar as equipas, diz o chef, apontando uma dificuldade comum a praticamente todo o sector, para que o La Villa possa começar a abrir também ao almoço. A partir daí, também a carta evoluirá.
“Isto é o que queremos promover aqui nesta zona. As pessoas aqui não querem sair com fato e gravata. Querem passar um bom momento fora, querem comer bem, beber bem, ser bem recebidas e nós temos um serviço excepcional”, acrescenta, destacando a carta de cocktails de autor (13€-15€) feita por Filippo Samões, do Copa, em Lisboa. “Temos tudo para as pessoas se sentirem em casa.”
Avenida do Mar, lote 145, Aroeira (Almada). 92 478 2922. Qua-Dom 17.00-23.00
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