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Talvez se lembre do Túnel Virulento, talvez esteja a percorrê-lo pela primeira vez. Mas se ouvir um “atchim” repentino o melhor é ter cuidado. O contágio começa ainda antes de entrar na exposição, onde não só há espirros e tosse como muitos micróbios e vírus invisíveis, mas contagiantes. Pronto para aprender a proteger-se ou, quem sabe, a ser “Viral”? “É que o contágio nem sempre é negativo”, garante Rosalia Vargas, directora do Pavilhão do Conhecimento.
Criada de raíz pelo Pavilhão do Conhecimento, em colaboração com os museus Cidade das Ciências e da Indústria, em Paris, e Heureka, em Helsínquia, esta premiada exposição itinerante e interactiva já foi vista por mais de dois milhões de pessoas. “Há cinco anos, quando a estreamos, estávamos bem longe de imaginar que algum dia teríamos uma situação real de contágio biológico, à escala mundial”, afirma Rosalia Vargas, no regresso de “Viral” ao centro de ciência português, agora com novos conteúdos relacionados com a Covid-19. Mas avancemos: há muito para ver e rever.
Depois de atravessar o Túnel Virulento, deverá desinfectar as mãos com álcool-gel (o dispensador está estrategicamente posicionado à sua esquerda) e recolher um dispositivo, que ao pôr ao pescoço como um colar se liga automaticamente. A partir desse momento, passará a estar “susceptível”, “infectado” ou “imune” – bastará olhar para a luz colorida a piscar (amarela, vermelha ou azul) e ficar atento a quaisquer mudanças ao longo da visita, onde estará em contacto com os restantes visitantes, também eles susceptíveis, infectados ou imunes.
Começa-se a visita pelo lado biológico e os diferentes agentes infecciosos e avança-se até outras formas de contágio, como o riso ou o bocejo, através de 25 módulos independentes – mais nove do que os 16 originais. Dos mais dinâmicos aos mais intimistas, todos exploram as várias vertentes do contágio, desde a transmissão de doenças até à propagação de ideias e comportamentos, e questionam o impacto deste fenómeno nas nossas vidas, mas também como fazemos parte dele e o podemos promover, controlar ou combater.
Na primeira área expositiva, o módulo “De mão em mão” desafia os visitantes a abrir gavetas e a descobrir qual o papel das suas mãos no contágio. Como os micro-organismos podem permanecer muito tempo em superfícies e objectos, muitas vezes, sem darmos por isso, tocamos nos olhos, nariz e boca e deixamo-los entrar no nosso corpo. Mas o contágio não acontece de qualquer forma: os contactos necessários para a propagação de uma determinada doença diferem. E é exactamente isso que podemos descobrir em “Contacto Adequado”, já numa segunda área dedicada à definição do contágio, onde poderá resolver vários desafios e até identificar culpados através de um divertido jogo de apanhar peluches.
Num outro espaço, fala-se ainda da diversidade do contágio: dos resultados do “bocejómetro” à descoberta dos neurónios do espelho, os visitantes vão poder aprender também sobre o que é o contágio financeiro e o que faz um vídeo tornar-se viral. Mas e a imunidade? Será que, para um mundo sem contágio, o isolamento é a chave? Para reflectir sobre a ausência de contágio, o melhor é entrar na sala silenciosa.
No final, a mesma questão a martelar a moleirinha. Afinal, qual é o maior agente de contágio do mundo? Carregamos no botão para descobrir: o ecrã escuro ilumina-se e vemos o nosso próprio reflexo. Eureka. A verdade é que podemos ser infectados com vírus, bactérias e outros agentes biológicos através do ar que respiramos, dos objectos em que tocamos e até dos insectos que nos picam, mas também podemos infectar – e muitas vezes fazêmo-lo intencionalmente, seja para propagar ou travar o contágio.
Pavilhão do Conhecimento. Largo José Mariano Gago 1 (Parque das Nações). Ter-Sex 10.00-18.00 e Sáb-Dom e feriados 11.00-19.00.
+ Este brinquedo explica aos mais novos o que é o vírus e como combatê-lo