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‘Visions of Mana’ devolve-nos a um tempo e a um espaço mental onde fomos felizes

A primeira adição ao cânone da seminal série de RPG japoneses em quase duas décadas não muda a velha fórmula. Nem defrauda as expectativas dos devotos.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Visions of Mana
DRVisions of Mana
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★★★★☆

Seiken Densetsu, a franquia japonesa conhecida no Ocidente pelo apelido Mana, começou por ser um spin-off de Final Fantasy com maior ênfase na acção, sem os combates por turnos característicos de outros RPG (role-playing games, ou jogos narrativos) japoneses. Lançado originalmente no Game Boy, o primeiro título, conhecido como Mystic Quest na Europa ou Final Fantasy Adventure nos EUA, era derivativo de The Legend of Zelda. Mas os seus sucessores, editados nos 90s na Super Nintendo e na PlayStation, desenvolveram uma identidade própria e influenciaram muitos outros autores. No século XXI, não obstante, a franquia começou a perder a relevância e a Square Enix deixou de dar-lhe atenção – não era feito um novo jogo, só remakes e derivados, desde Dawn of Mana (2006). Até agora.

Anunciado durante as celebrações do 30.º aniversário de Seiken Densetsu, em 2021, Visions of Mana foi desenvolvido pelos Ouka Studios, sob a alçada do produtor da série, Masaru Oyamada, e com o contributo do seu criador, Koichi Ishii, e do compositor Hiroki Kikuta – responsável pelas bandas sonoras dos clássicos da Super Nintendo e dos seus remakes, lançados na PlayStation 4 em 2018 e 2020, para sondar o interesse na franquia. No final de Agosto, chegou finalmente aos computadores e às consolas PlayStation 4 e 5 e Xbox Series X/S, 18 anos depois do anterior capítulo desta narrativa ter visto a luz do dia.

Esteticamente, Visions of Mana não destoa de Trials of Mana (2020). Os contornos gerais dos seus sistemas e mecânicas de controlo também serão familiares a quem tiver jogado o remake de 2020, assim como alguns inimigos, personagens secundárias e temas centrais. No entanto, tal como os restantes títulos da franquia, conta uma história com um princípio, meio e fim, ambientada num mundo desconhecido (apesar de alguns elementos reconhecíveis) e com um novo rol de protagonistas. Começa in media res, com Eoren, o personagem controlado pelo jogador, a tentar fugir da terra onde vive, acompanhado pela sua amante, que foi escolhida para ser sacrificada. Passados 15 ou 20 minutos, a história do casal parece ter um desfecho trágico. Escurece o ecrã, rolam os créditos iniciais.

Percebe-se depois que esta não é a história de Eoren. O verdadeiro protagonista é Val, um jovem guerreiro que tem de garantir que nada acontece às pessoas que vão ser sacrificadas antes de ser altura de entregarem as suas vidas. Inicialmente, a generalidade dos personagens parece não ter problemas com isso, com o enredo a oscilar entre o pueril e o problemático. No entanto, continuamos a jogar. Não tanto para ver o final desta história, mas porque explorar as diferentes áreas, horizontal e verticalmente, é um pequeno prazer; e porque os combates, frenéticos e cinéticos, todavia com uma componente estratégica, nunca se tornam aborrecidos, têm um ritmo familiar que nos compele a continuar com o comando na mão. E, quando damos por ela, até a narrativa (ou a metanarrativa…) nos surpreende. 

Disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series X/S

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