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Vítor Adão abriu o Planto para que pudéssemos ter tudo a toda a hora (até o brunch)

Quando Vítor Adão se decide a fazer alguma coisa, não há quem o trave. O brunch é a sua mais recente aposta. Mas não se fica por aqui.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Planto
Francisco Romão Pereira
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Tostas de abacate, ovos, panquecas e waffles. Ceviches, tacos, katsu sandos e hambúrgueres. Ao Plano, restaurante de fine dining na Graça, Vítor Adão juntou agora o Planto, com uma carta de pequeno-almoço e brunch e outros pratos descomplicados, provando que não há rótulo que lhe sirva. No Cais do Sodré, o chef continua focado em proporcionar a melhor experiência a quem chega, embora num registo completamente diferente do que lhe conhecemos. É sempre assim, sem qualquer preconceito. 

“Eu não sou de modas, faço aquilo em que acredito”, despacha-se a dizer, como que respondendo a quem se tem questionado sobre esta nova aventura. “Tenho muita gente a perguntar-me porque é que eu tenho um brunch e eu digo-lhes: algum dia foram a França, Alemanha ou Inglaterra? O Alain Ducasse, por exemplo, tem brunch e tem várias estrelas Michelin. Nós somos pequenos, eu estou-me a marimbar.”

Planto
Francisco Romão Pereira

Não há meias palavras – nunca há – no discurso de Vítor Adão. O Planto abriu em Agosto, mas já existia há muito tempo na sua cabeça. O espaço, apesar de mais informal, não fica assim tão distante do Plano. Os tons são claros e harmoniosos, não há jardim, mas uma pequena esplanada à entrada. “Isto é a minha casa e eu quero que te sintas bem na minha casa, que te divirtas, que oiças música, e que saias daqui descontraído. Eu não quero que isto seja um museu. Quero que vivas a tua cena. Porque é que complicamos o simples?”

E Adão nem na cozinha complica, embora isso não seja sinónimo de descuido. Pelo contrário. A exigência que aplica no Plano é a mesma que traz para aqui. Só assim é possível, defende. “O produto está cá, a terra está cá. Eu continuo a ir buscar o queijo a São Jorge, continuo a ir buscar a barrosã a Trás-os-Montes”, exemplifica. “As presas que eu utilizo aqui são as mesmas do Plano, os legumes são os mesmos, o peixe é exactamente igual. O que muda aqui é muito simples: no Plano tenho doze pessoas na cozinha e aqui tenho sete. É completamente diferente”, continua, destacando “os preços acessíveis” que faz questão de ter numa zona que tem vindo a crescer e a ganhar uma nova vida, muito à boleia da comunidade crescente de expats.

Vítor Adão
Francisco Romão PereiraVítor Adão

Até acontece, conta o chef, quem chegue à porta e desista de entrar ainda antes de espreitar o menu. “O restaurante é muito bonito e leva a pensar que tem um ticket mais alto. Sabem qual é o grande problema? É que toda a gente abre uma chafarica e aquilo está tudo partido e ‘ai, somos fancy’. Meus amigos, este restaurante é para daqui a 50 anos estar cá. Foi pensado dessa forma”, afiança. “Eu quero que se pense no Planto quando se está a decidir onde ir. Um dos funcionários disse-me que estava a acontecer uma coisa bonita. Não estão a aparecer muitos clientes todos os dias, mas estão a aparecer muitas vezes os mesmos. É sinal de que está tudo certo.”

Planto
Francisco Romão PereiraHambúrguer da vaca barrosã

É por isso que o Planto é um restaurante para todas as horas, do pequeno-almoço ao jantar. “Viajo pelo mundo e em Lisboa não havia um espaço em que pudesses comer das nove da manhã às dez da noite, em que se pudesse pedir tudo sem estar limitado.”

Vítor Adão fala, por exemplo, da possibilidade de se poder pedir um hambúrguer da vaca barrosã, com queijo da ilha, molho romesco, tomate coração de boi e brioche francês (14€) ou um katsu sando de presa (12€) pela manhã. E um menu brunch à noite, por exemplo.  “Porque é que não podemos ter tudo a toda a hora?” 

Planto
Francisco Romão Pereira

O brunch (20€) é uma forma de provar parte da carta. Inclui iogurte e granola, pão de massa mãe, compota, manteiga, mel, croissant, sumo de laranja, café ou chá e um prato que tanto pode ser de tostas ou ovos (sejam eles estrelados, Benedict, mexidos), panquecas ou waffles, com diferentes acompanhamentos como banana e doce de leite ou nutella e gelado de morango. E ainda um cocktail clássico. Por 25€, mantém-se tudo igual, mas é possível escolher dois pratos em vez de um.

Planto
Francisco Romão Pereira

Na carta, há ainda um menu de pequeno-almoço (14,50€) e vários pratos de partilha, que tanto podem servir de petisco entre refeições como serem uma almoçarada ou jantarada completa. Os pickles caseiros que compõem parte da decoração da casa, à semelhança do que acontece no Plano, podem ser pedidos (2,75€). Há hummus de grão (4,50€), guacamole e totopos (4,50€) e baba ganoush (4,50€). Nas opções principais, Adão preocupou-se em compor um menu equilibrado. Só há dois pratos de carne (hambúrguer e katsu sando de presa), tudo o resto é peixe e vegetais. “Na minha vida, o peixe está mais presente. Se me derem a escolher, eu prefiro sempre peixe.” E aqui ele está servido num ceviche (12,50€), que também ganhou uma versão vegan (8€), feita com cogumelos orelha-de-Judas, leite de tigre, batata doce de Aljezur e abacate. O hambúrguer também pode ser vegetariano (11€) e o katsu sando de cogumelos (9€). Há tacos de camarão (11€/3 unidades) e de lentilhas (9€/4 unidades), gaspacho de morango (8€) e salada de abóbora hokaido e burrata (10€). 

Planto
Francisco Romão PereiraCeviche vegan e ceviche de peixe

Para acompanhar, a aposta do chef recai nos cocktails, com uma carta bem composta. “Claro que ainda temos muita coisa para afinar, muita coisa para melhorar, muita coisa para trabalhar, mas é nisto que quero trabalhar cada vez mais”, aponta Vítor Adão. “Quero que as pessoas entendam: o Adão do Plano é uma pessoa, mas o Adão não tem só Plano, o Adão tem muitos planos.” E não se fica por aqui. “A seguir vou abrir um restaurante de comida portuguesa”, revela, sem levantar muito o véu, apontando a novidade para “Dezembro/Janeiro”. “Uma coisa à grande”, promete. 

Rua da Boavista, 69 (Cais do Sodré). 93 838 1922. Seg-Dom 09.00-23.00

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