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Viúva Lamego celebra 175 anos no Museu Nacional do Azulejo

O aniversário desta casa centenária é celebrado com uma exposição, no Museu Nacional do Azulejo, que conta com obras criadas para a ocasião por 17 artistas.

Mauro Gonçalves
Bárbara Carvas
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Mauro Gonçalves
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Bárbara Carvas
Uma perspetiva do presente, numa visã
SALVADOR COLACO
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"Uma perspetiva do presente, numa visão do futuro". É este o nome da exposição inaugurada na passada sexta-feira, 4 de Outubro, no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa. Patente até 29 de Dezembro, celebra os 175 anos de produção cerâmica da Viúva Lamego, através de peças criadas por 17 artistas e ainda obras do espólio do museu. 

Uma perspetiva do presente, numa visã
SALVADOR COLACO

Dividida em duas salas, separando as linhas temporais entre o passado e o presente, mantendo uma visão no futuro, a exposição pretende mostrar a adaptação do azulejo. Pois, embora existam azulejos “há mais de cinco séculos, o azulejo soube sempre adaptar-se e renovar-se, tendo em conta a contemporaneidade. E esta exposição mostra isso mesmo” conta Rosário Salema de Carvalho, comissária da exposição. 

Com uma série de peças concebidas por 17 artistas exclusivamente para o aniversário, a Viúva Lamego procura mostrar um pouco do ambiente e relação que se vivido na fábrica, criando ligações com os artistas que, por vezes, acabam por se tornar presenças habituais no atelier. É o caso de Bela Silva e Marília Emília Araújo, duas artistas com quem a fábrica mantém uma relação duradoura.

Num primeiro momento, a exposição cruza-se com os anos 70 do século passado. Logo na primeira obra, sobressaem pequenos designs dessa época que, à medida que nos aproximamos e, posteriormente, nos afastamos, são vistos de forma diferente. O painel chama-se Variation on Rita Hayworth 0139.jpg (na imagem abaixo) e é da autoria de Rita João.

Uma perspetiva do presente, numa visã
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Entre as obras trabalhadas com técnicas específicas em máquinas, e outras onde são utilizados antigos moldes de flores da fábrica Viúva Lamego, como é o caso da Mato 1 & Mato 2, da Oficina Marques, cada azulejo acaba por ser único e muito particular. 

Ainda assim, o destaque vai para André Silva a.k.a. André Trafic, vencedor do concurso para residências artísticas, com a obra Fábrica de Sonhos. Dirigido a novos artistas, o concurso foi lançado no âmbito das comemorações dos 175 anos da Viúva Lamego. A croata Klasja Habjan e a japonesa Rico Kiyosu também foram escolhidas para expor no museu. Com duas obras concebidas especialmente para a fábrica, acabaram por se destacar, levando ambas menções honrosas do projeto para casa. 

Também Manuela Pimentel surge na primeira sala com As paredes transpiram desejos de liberdade, uma obra que aparece como um jogo para questionar o espectador. “Um exercício de olhar, tentativa e erro”, como se lê em comunicado. Mas o mais evidente será o painel no chão. Concebida por um designer, a obra Azulejos, de Noé Duchaufour-Lawrance, apresenta-se dividida em três, mas tanto funciona em conjunto como em separado. Baseada na costa da Bretanha até Portugal, estão nela simuladas as ondas, reproduzidas por azulejos com relevo, em chacota e pintados à mão com vidrados. 

Uma perspetiva do presente, numa visã
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Antes de passar à segunda parte, é de notar os azulejos sinéticos no corredor. É a obra Presente, de Catarina e Rita Almada Negreiros (netas de artista modernista), na qual é feito um paralelismo ao tema da exposição.

Já a segunda sala, organizada cronologicamente no piso superior, é dedicada à produção do azulejo. Entre lambrilhas (pequenos azulejos quadrados com figuras isoladas), estampilhas, catálogos e maquetes, a exposição da Viúva Lamego pretende misturar um pouco do actual e do mais antigo, dando a conhecer todo o processo que o azulejo passa até à sua fase final. Destaque a parte de trás dos azulejos como algo que “achamos relevante mostrar”, acrescenta a comissária da exposição, pois é nela que surgem os códigos e as marcações, de maneira a saber onde se insere cada um deles no puzzle. É também na parte de trás que estão identificados com a sua marca, no caso, da fábrica Viúva Lamego. 

“Maria Keil tem uma presença significativa nesta exposição”, refere ainda. Surgem maquetes da estação de metro da Praça de Espanha feita pela própria e, posteriormente, a obra em si, já emoldurada. São mostrados os catálogos, com exemplos de azulejos em papel, e as utilizações dos mesmos em obras feitas por Almada Negreiros e Jorge Barradas. Outro exemplo é a peça Querubim Lapa no centro comercial do Restelo, onde ainda hoje pode ser visto. 

Uma perspetiva do presente, numa visã
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Além de Maria Keil, Almada Negreiros e Jorge Barradas, também Maria Helena Vieira da Silva e Álvaro Siza Vieira dão o seu contributo nesta segunda parte da exposição que celebra os 175 anos da fábrica. Este último apresenta uma obra com pintura estampilhada, revestida a platina. Hervé Di Rosa, Adriana Varejão, Vhils, Add Fuel e Tamara Alves são mais alguns dos artistas presentes na exposição.

O Museu Nacional do Azulejo foi, em 2023, o mais visitado dos museus sob a gestão da Museus e Monumentos de Portugal, com um total de 276.209 visitantes. A exposição pode ser visitada até ao final do ano, mesmo a tempo, antes do museu fechar para obras. As obras estão previstas para arrancar em 2025.

Museu Nacional do Azulejo. 4 Out-29 Dez. Ter-Dom 10.00-18.00. 8€

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