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A Wines by Heart, perto da Avenida da Liberdade, é uma garrafeira sem fronteiras, onde se faz comida amiga do vinho. Aqui, há garrafas de todos os tipos e lugares e o gostar vem-lhes directamente do coração.
A história do número 35 da Rua Rosa Araújo, em Lisboa, já vai longa e começou a ser pensada a um oceano de distância. Em 2016, Guilherme Corrêa, Igor Beron e Rômulo Mignoni quiseram investir fora do Brasil. A ideia seria importar vinhos de todo o mundo e abrir uma garrafeira onde pudessem ser saboreados “com comida amiga do vinho”. Os Estados Unidos surgiram logo na equação, mas foi em Portugal que os três amigos e sócios da Wines by Heart acabaram por se fixar.
“Portugal reunia condições interessantes”, conta Guilherme, à mesa da área de refeições da garrafeira, enquanto serve um Vilmart Grand Reserve (39€), um dos champanhes de entrada de gama da casa da região de Reims, em França. Para o sommelier, as garrafeiras portuguesas são um pouco clássicas e os grandes vinhos do mundo não chegam cá. Além disso, continua, “lá fora oferece-se a experiência do consumo” numa garrafeira, algo que não acontece muito nos estabelecimentos portugueses.
A Wines by Heart materializou-se nas muitas viagens que os três amigos foram fazendo pelo mundo, sempre com o vinho como atracção principal. Mas, pelo caminho, a burocracia portuguesa entrou em cena e a garrafeira demorou mais do que era suposto a abrir. Com intenções de abrir em finais de 2017, só o conseguiram fazer agora. Desde essa altura, até Agosto de 2019, dedicaram-se à importação de vinhos. Nesse tempo, criaram uma rede de contactos importante e hoje fornecem 14 dos 26 restaurantes galardoados com estrelas Michelin em Portugal.
A garrafeira conta com perto de 800 referências. Metade delas portuguesas, onde se incluem vinhos como o Giz (21,90€ o vinhas velhas), de Luís Gomes, produzido na Bairrada, ou o Pícaro del Aguila (27,40€), um vinho natural espanhol, da Ribera del Duero. A copo, ideal para provar ao balcão, há mais de 80 sugestões, que percorrem as tendências nacionais e internacionais, não fosse o espaço “uma garrafeira sem fronteiras”.
Mas é à mesa que as pessoas mais se apaixonam pelo vinho, garante Guilherme. A Wines by Heart não é um restaurante, mas sim um lugar onde bom vinho pode ser degustado na companhia de um prato, cuidadosamente harmonizado. Rodrigo Osório é quem dirige a cozinha. Enquanto esperava que a Wines by Heart estivesse pronta, o chef brasileiro passou pelo Belcanto de José Avillez e pelo Prado de António Galapito, onde aprendeu o melhor que se faz na cozinha nacional.
O que o chef pretende é que, quem se senta ao balcão ou nas mesas da garrafeira, possa ter uma experiência enogastronómica, afastada da alta cozinha, mas sem descurar a qualidade dos ingredientes. “Não faria sentido pensar nos pratos sem antes pensar no vinho”, reforça. Os tacos de rojões com cebola roxa e coentros (16€) ou a sandes katsu tuna, envolta em kimchi caseiro e com ovas de truta (19€), são algumas das opções para quem quer picar. Os pratos foram todos trabalhados na sua acidez, gordura e temperatura “para deixar o vinho aparecer”.
Para apetites mais aguçados, há sempre a moqueca à moda baiana, com frutos do mar, farofa e arroz basmati (68€ para duas pessoas) ou o polvo com laranja, acompanhado com feijão frade (23€). A paleta de cordeiro (64€ para partilhar) assa durante duas horas e acompanha com umas batatas fritas (8€), submetidas a três frituras e envoltas em manteiga trufada.
Nas sobremesas, os morangos marinados (8€), com matcha e keffir, a tarte de chocolate com caramelo salgado (8€) ou o cheesecake de cereja (8€) são perfeitos para terminar a refeição juntamente com um Kranemann de 20 anos (9€ o copo) ou um Château Les Justices, de Sauternes (7€). Ao terminar, perceberá. A garrafeira de Guilherme, Rômulo e Igor “é mais que wine friendly, é wine driven”.
Rua Rosa Araújo, 35 (Avenida). 21 354 0772. Seg-Qua 10.30-23.00, Qui-Sáb 10.00-23.30 (Garrafeira). Seg-Qua 12.30-15.30/ 19.30-23.00, Qui-Sáb 12.30-15.30/19.30-23.30 (Bar).