1. Padarias, A Padaria Libanesa
    Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  2. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  3. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  4. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  5. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  6. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa
  7. Padarias, A Padaria Libanesa
    ©Mariana Valle LimaA Padaria Libanesa

Crítica

A Padaria Libanesa

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Padarias
  • preço 1 de 4
  • Estrela/Lapa/Santos
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Uma das coisas boas de se viver numa cidade cosmopolita é não termos de comer fast food mesmo quando queremos comer fast.

Tive uma prova disso há dias. Estava eu e duas amigas, todos cheios de pressa e fome. Andávamos para os lados de Alcântara e uma delas lembrou-se daquela cadeia internacional com nome de pato da Walt Disney. “Fica mesmo ali na esquina. Vá lá, Alfredo, um dia não são dias”, atirou a Sónia, ávida de calorias.

Perante o meu esgar de dor, Cristina contrapôs. “Queres matar o homem, Sónia”, disse, procurando uma solução de compromisso. “Sugiro A Padaria Portuguesa, para despachar.”

A ocasião obrigava a uma contraproposta rápida. Lembrei-me, então, de um sítio recomendado por Helena Soares, extraordinária copydesk e escriba desta revista, lisboeta atenta e culta. “E se, em vez de uma Padaria Portuguesa, fôssemos antes a uma Padaria Libanesa?!”, exclamei. Sónia olhou para Cristina, Cristina fez uma expressão de resignação aborrecida, rodando as órbitas dos olhos duas vezes. “Ok... onde fica?”

Era só subir a Rua do Sacramento a Alcântara. Já a chegar ao cruzamento com a Infante Santo, eis a tabuleta. Cá fora uma única mesa sobre a calçada: a Padaria Libanesa tinha muito pouco a ver com a congénere tuga proposta por Cristina. Em vez de bolinhas alvas de trigo, croissants e croquetes, na vitrina do balcão expunham-se diversas manouches, o famoso pão espalmado libanês. Os recheios variavam: espinafres, queijo, carne e, claro, za’atar.

Já aqui falei sobre za’atar, a mistura árabe de ervas e especiarias, entre elas tomilho, sementes de sésamo e sumac. É um pozinho extraordinário. Em cima de uma rodela de pão ensopado em azeite, um bom za’atar põe a um canto a maioria das mozarelas que se servem nas centenas de pizzarias que existem nesta cidade.

Atrás do balcão de A Padaria Libanesa, havia mesmo uma padaria, com forno a lenha e padeiro. Antigamente, as padarias eram assim: tinham padeiros. Hoje, mesmo aquela padaria famosa, vizinha destoutra – que foi artesanal, mas já não é bem – transformou-se num conjunto de fornos para onde são atiradas bolas de massa disformes, nem sempre feitas só de farinha, água e sal.

Aqui, vemos um rapaz a rodar os discos trigueiros nos dedos, até chegar à forma oval das manouche. E vemos Jad, o jovem libanês à frente da padaria, a tomar conta de tudo.

Mas há mais comidas, anunciadas numa ardósia grande à vista de todos, altaneira às três mesas que compõem a micro-sala do sítio. Sónia, apreciadora de pompa e brilho, fez uma expressão enjoada, mal entrou — “É isto?!”.

A realidade haveria de demonstrar que, não sendo A Padaria Libanesa bem um restaurante, foi muito eficaz no propósito de nos restaurar. Em cinco minutos, estava sobre a mesa um repasto libanês diverso. Mutabal, também conhecida como baba ganoush: beringela assada num puré fumado. Muhamara, pasta de noz, tomate e pimento; hummus; o clássico puré de grão com tahine (aqui sem se revelar) e uma poça de azeite ao centro. E, claro, as manouche, uma de za’atar outra de carne, ambas bem boas.

Para terminar, baklava, o clássico de massa filo e frutos secos, que associamos à Turquia, mas que, na verdade está espalhado por boa parte do Médio Oriente, aqui numa versão bem menos doce do que é costume.

Em 30 minutos, Sónia e Cristina estavam convencidas. Ambas admitiram que a refeição fora superior à que teriam num fast food norte-americano ou numa padaria portuguesa. Para quê comer rodelas de carne lixiviada, para quê comer sandes de frango empapado em maionese, quando podes comer uma manouche acabada de fazer?

*Os críticos da Time Out visitam os restaurantes de forma anónima e pagam refeições.

Detalhes

Endereço
Rua do Sacramento a Alcântara, 58
Alcântara
Lisboa
1350-279
Preço
10€
Horário
Ter-Dom 10.00-22.00
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