1. Asitique
    Francisco Romão Pereira
  2. Asitique
    Francisco Romão Pereira
  3. Asitique
    Francisco Romão Pereira

Crítica

Asitique

4/5 estrelas
Parece um simples café, mas tem lá dentro muito mundo. Alfredo Lacerda foi à esquina mais asiática da 5 de Outubro.
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Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Quando se olha da rua parece uma dessas esquinas para almoços rápidos de financeiros da 5 de Outubro, entre o ginásio e o Excel. Mas se tivermos mais tempo para explorar a carta e para conversarmos com o anfitrião, um jovem com ares de universitário de Hanói, percebemos que há coisas boas para nos demorarmos um pouco mais. 

Olhando só para a lista de comidas, podemos ficar esmagados. Três páginas de pratos, da China à Tailândia. Nada que me costume entusiasmar. A ambição de correr a Ásia deve sempre deixar-nos desconfiados – e a mim deixa-me sempre, sobretudo se atrás dos restaurantes estiverem oportunistas das modas. Não será o caso. 

No Asitique, parece haver um entusiasmo genuíno para mostrar cozinhas diversas e, sobretudo, parece haver conhecimento. Essa característica está bem clara, por exemplo, nas sobremesas, onde há o famoso xôi xoài thái lan, o arroz glutinoso com leite de côco e manga, da Tailândia, mas também um tiramisù com café vietnamita e uma tarte de queijo melhor que muitas servidas nos bitrôs da moda. 

Dito isto, a dupla que dá a cara pelo Asitique assume a sua origem, tem orgulho e confiança nela. “Nós somos do Vietname, então os pratos do Vietname serão os mais autênticos”, explicou um dos sócios, à mesa. 

E é bem verdade que, por exemplo, a bánh mì é óptima. A célebre sandes foi uma das melhores contribuições dos franceses, durante a ocupação do Vietname, entre 1880 e 1954. A França deu a baguete, a manteiga e o foie gras ou os fígados de frango. Mas os vietnamitas fizeram depois a sua magia, enchendo-a de coentros (em folha), picles e patê de fígado de porco ou outras carnes. 

No Asitique fazem-na com barriga de porco grelhada, juntam-lhe picles de cenoura e pepino e fica deliciosa. Para mim, só faltaram uns aros de malagueta e umas gotas a mais de lima. 

A bánh mì pode servir como uma refeição por si mas, numa segunda visita, foi partilhada de entrada e abriu caminho para a sopa de noodles bun bo hue, feita de caldo de ossos de vaca, cozidos durante 20 horas, e pasta de camarão fermentado, uma espécie de pho em esteróides. 

Fora os pratos vietnamitas, vale muito a pena escolher o menu do dia, por 10,50€. Dá direito a entrada, prato e bebida (café ou água). Numa quarta-feira recente, tive a sorte de abrir com uma sopa tom yum, o caldo cítrico da Tailândia, muito bem feita; e depois, no principal, saiu uma entremeada marinada com molho de ossos, tenra e suculenta, sobre puré de batata ou arroz. 

Entre os pratos principais do menu dessa semana estavam ainda o caril tailandês vermelho com frango e arroz, o rendang (caril indonésio), ou o chow mein com frango grelhado. 

As únicas coisas menos felizes foram umas limonadas a dar ares de naturais, a 3,80€, que na verdade tinham pouco de natural. De resto, este Asitique tem gente que sabe fazer comida gostosa na cozinha, com um ou outro atalho irrelevante, mas uma relação qualidade preço imbatível e uma simpatia – e competência – a servir que fazem esquecer qualquer percalço. 

Apesar de o espaço ser curto, o sítio é muito luminoso e bonito, nada de coisas fancy, mas também sem parafernália asiática de plástico. 

Aconselha-se reserva. Vão lá. Explorem. Perguntem. Mostrem o vosso amor. 

Detalhes

Endereço
Avenida 5 de Outubro 52 A
Lisboa
1050-059
Preço
12-20€
Horário
Seg-Sáb 12.00-16.00/19.00-22.00
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