1. Aura Dim Sum
    Francisco Romão Pereira Aura Dim Sum
  2. Aura Dim Sum
    Francisco Romão Pereira Dim sum de camarão
  3. Aura Dim Sum
    Francisco Romão Pereira
  4. Aura Dim Sum
    Francisco Romão Pereira Dim sum de borrego
  • Restaurantes | Chinês
  • São Vicente 
  • Recomendado

Crítica

Aura Dim Sum

4/5 estrelas

Os dumplings de Catarina Goya assentaram num restaurante em Alfama. Alfredo Lacerda diz que sabem melhor ao balcão.

Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Antes da visita, uma irritação. No site do restaurante, onde se faz a reserva, a primeira frase dizia: “O Primeiro Restaurante Dim Sum Artesanal De Lisboa”. Assim, com maiúsculas e tudo. No perfil da página de Instagram aumentava-se o disparate — e em inglês, que é para turistas e amigos expats compreenderem: “Lisbon's first Dim Sum Restaurant”.

Ora, isto ou é patetice ou é publicidade enganosa. Restaurantes com dim sum (petiscos chineses) — dos bons, dos bem artesanais — existem por cá há décadas. Muito antes de hipsters de todo o mundo descobrirem os encantos de abrirem restaurantes na capital de um país europeu semi-desenvolvido, já havia pelo menos meia-dúzia de grandes casas a servir belíssimos petiscos chineses e dumplings caseiros.  

O que ainda não havia em Lisboa, antes do Aura Dim Sum Lab, era outra coisa. O que não havia era um restaurante com um balcão encantador e dumplings inspirados no Sudeste Asiático – tudo envolto num desses enredos modernos que começam nas redes sociais e no e-commerce e acabam em investidores internacionais. É isso que é o Aura Dim Sum. 

A narrativa, depois, acrescenta o seguinte. À frente do restaurante está um casal hispano-brasileiro. Catarina Goya aprendeu o ofício em Londres, tendo tido depois aulas em Singapura. Conheceu o marido e parceiro de negócio, Jose Luiz Suarez, na ilha de Lanzarote, onde cresceu. Ambos acabariam por estrear-se nos dim sum com um bar de praia, já no Brasil, mas a experiência seria efémera. Em Portugal, de início, apostaram nas redes sociais e nas entregas em casa e em menos de nada estavam a espalhar dumplings (palavra inglesa para raviólis chineses) congelados em casa das pessoas. 

Foi em casa que provei pela primeira vez a comida do Aura, durante a pandemia. Já gostei, nessa altura. Na verdade, não notei grande diferença na qualidade dos dumplings servidos no restaurante, que me pareceram igualmente cuidados e originais, ainda que alguns ressequidos e sem que se distinguissem os ingredientes (o caso mais flagrante foi o de pato com cogumelos shitake).  

De resto, num sábado ao jantar, a casa estava cheia, ambiente alegre sem ser estridente. Apesar da lotação esgotada, o pessoal de sala pareceu estar sempre a controlar a situação. Atenderam duas pessoas, ambas atenciosas, formadas e conhecedoras das comidas e bebidas da carta – o que é muito, por estes dias. 

Nunca se ultrapassaram os tempos de espera mínimos e quem atendeu soube indicar um cocktail seco (elegante o Wasabi Mule, ainda que fraco de wasabi: vodka, wasabi, morango chinês, limão, ginger beer) e servir correctamente o chá branco bio Yue Guang Bai, da região chinesa de Yunnan, com cuidado nos tempos de infusão e na temperatura (bela lista, por sinal, da marca Camélia). 

A carta continua a apostar nos dumplings, classificados pelo método usado: ao vapor, na frigideira (guo tie), fritos ou imersos em molho picante (chao shou). Não faltam, também, os tradicionais bao, bolinhos fofos recheados, como os de porco caramelizado, no topo das preferências. Acrescem duas saladas de tonalidades frescas e asiáticas, e dois pratos de noodles vietnamitas, com o omnipresente molho agridoce nước chấm. Anda sempre por perto a erva príncipe, a lima kefir, frutos secos, notas thai frescas e aromáticas, com um toque de Índia e outro de China.

Nas sobremesas, mal nomeado um pudim de tapioca, que não é pudim algum, mas sim pérolas imersas em leite de coco liquefeito. Ainda assim bom, a atirar-nos outra vez para a Ásia, com notas de cardamomo e amendoim triturado. 

Em síntese. A cozinha do Aura Dim Sum é saborosa e, sobretudo, está-se lá muito bem, mesmo sabendo-se que as quantidades são curtas e os preços esticadinhos. Tudo foi pensado com cuidado e sentido estético — dos menus à decoração, da música ao serviço. A comida tem espaço para melhorar (mais produtos frescos, mais vegetais), mas é já certo que a cidade ganhou um óptimo balcão. 

Detalhes

Endereço
Rua das Escolas Gerais, 88
Lisboa
1100-383
Preço
30-40€
Horário
Ter-Sex 18.00-23.00. Sáb 12.00-15.00, 18.30-23.30
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