Isto é: cabeça inclinada, boca aberta como se estivéssemos no dentista, e trincas que deixam restos de molho nos cantos da boca e destroços pelo prato. Não se come com talheres. No Cachorro à Portuguesa, com consultoria do chef João Sá, ex-Assinatura, o pão vem como numa sandes, com duas partes totalmente separadas. Ora isso é meio caminho andado para não se conseguir juntar todos os sabores de uma só vez. E para que as combinações arranjadas para aportuguesar o prato não tenham finais felizes.
Pedi um cachorro de porco Serra da Estrela (8€), com rúcula, presunto crocante e queijo da serra grelhado. Achei a salsicha seca, o queijo demasiado forte e o pão razoável. Palmas ao presunto, bem crocante como prometia. Pedi também um estranho cachorro de Bacalhau com Todos (7,90€), com salada de couve, pickles de cenoura, ovo e maionese de coentrada. A composição foi-se desfazendo, a salsicha feita de bacalhau desfiado vinha meio fria. E nem achei que combinasse bem com as batatas às rodelas, que chegaram já mornas.
O melhor da refeição? A espessa mousse de chocolate e o sumo de ananás com hortelã. Numa cachorraria, não chega para convencer.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.