Nada como começar um dia com calma. Rita Estanislau abriu o Café Com Calma na Marvila semideserta de 2015 para quem o visitar poder desfrutar com vagar, seja para um pequeno-almoço, almoço (servem refeições ligeiras e têm menu de almoço) ou lanche. A decoração é kitsch e confortável e a comida do mais caseiro que há. Ao sábado é servido brunch, entre as 12.00 e as 16.00, e há opção vegetariana (14,90€).
Crítica:
Na primeira visita, as coisas foram muito pouco calmas. Às 13.00 já havia fila e as empregadas geriam os lugares como se estivessem a jogar o nível 18 do Tetris de olhos vendados. Acabei sentado num canto de uma mesa, num canto da sala, virado para a parede, entretido a ler um cartaz que promovia cursos de permacultura.
Atrás de mim, uma fauna de gente jovem e barulhenta, pessoas que plantam mais ideias do que batatas, a nova comunidade de Marvila em peso, não estivéssemos no centro do bairro, mesmo do outro lado dos antigos armazéns Abel Pereira da Fonseca. Não interessa agora se o hype com a zona foi precoce ou não, a verdade é que o sítio estava cheio de figuras que há anos víamos pelo Bairro Alto.
A comida acabou por acalmar os ânimos. Optou-se pelo menu de almoço – e é isso que se deve fazer. Boas as sopas, uma de tomate, fresquíssima, outra de aipo, igualmente fria, igualmente excelente, sem água a mais ou a menos. Nos pratos principais, provou-se uma espécie de lasanha de curgete e manjericão, com camadas de parmesão gratinado a fazer de massa. Noutro dia, havia feijoada de pota, molusco sucedâneo do choco: saborosa, com a excentricidade (inofensiva) de trazer cardamomo. Tudo em modo saudável e bonito, sumos naturais e chás a ajudarem à digestão.
Estava ainda incluída uma micromousse de amendoim e um café. Tudo isto por oito euros, óptimo negócio. Nem tudo é incrível neste Café com Calma, mais conhecido pelo brunch de fim-de-semana. E calma é coisa que não vai encontrar entre as 13.00 e as 14.30. Mas a cozinha é gerida com inteligência, economia e vontade de fazer diferente. E isso é muito.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.