Duas Refeições no Chipie La Galette, uma só conclusão: sub aproveitamento. A localização responde na perfeição à velha máxima “location, location, location”, graças a uma esplanada –e a duas salas interiores com janelas rasgadas até ao chão – no fim da Calçada do Combro, no larguinho que divide a Rua do Poço dos Negros da Rua dos Poiais de São Bento, íman de turistas nos dias que correm. A árvore dá sombra a quem prefere sombra, o sol a bater de chapa aquece quem prefere comer ao sol, e o interior é um misto de cafetaria minimal, decorada com gosto. Em teoria, não falta nada a esta casa francesa de galettes (os crepes da Bretanha, feitos com trigo sarraceno). Na prática, falta-lhe tudo.
Primeiro vem o menu em francês, depois em inglês e só depois em português. Quando aparecem as perguntas – porque nem o menu traduzido é esclarecedor – as respostas demoram uma eternidade e são menos correctas que o meu querido Google e a sua (em necessidade de salvação, oremos) Wikipedia – Curé Nantais é um queijo e não natas como foi dito. Depois o serviço, trapalhão, demorado, pouco simpático.
Da galette nordique com salmão e crème fraîche, gostei apenas da massa. Lá dentro uma fatia de salmão fumado seca e sensaborona, por fora uma enrolada, numa tacinha a crème fraîche com cebolinho – ou seja um d.i.y. Fraco e caro, 10€. Da chipie aime d’Andouille, com uma salsicha fresca francesa fortíssima, cebola e queijo, dizer apenas que é demasiado forte e enjoativa. Do crepe de açúcar e limão e do de chocolate derretido – oh, é o mesmo que pedirem para avaliar um papo-seco com maionese, miam-miam – apenas referir que sim, são bons.
Voltei para o pequeno-almoço, outro atentado à carteira (10€), e comi os ovos mexidos menos mexidos e mais secos desde que fiz os meus primeiros ovos aos oito anos, um pedaço de enchido estilo fouet, do tamanho de um polegar (para cortar no prato? Trincar?), outros pedaços de emmental sem grande graça; um pedacito de manteiga, doce de morango e duas torradas, além de sumo de laranja e chá preto.
Um sítio, com pena pela localização, a não voltar.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.