A Austrália não tem uma gastronomia bem definida e ainda bem. É bom lembrar que os britânicos foram os seus colonos mais representativos e que isso, culinariamente, não é bom.
Outra das características desta cozinha, no entanto, resulta da impressionante diversidade animal que o país aloja, sendo o canguru e o crocodilo os mais populares embaixadores do receituário nacional.
Fora isso, os locais souberam pelo menos assumir as suas fragilidades e dedicaram-se nas últimas décadas a aprender com o resto do mundo, importando técnicas e ingredientes, sobretudo do Sudeste asiático. Basta ter acompanhado intermitentemente o Masterchef Australia para se perceber isto.
Este Downunder by Justin Jennings tem um pouco de tudo o que atrás se citou, não fosse o seu chef oriundo de lá. Há um fish & chips, versão moderna, com polme arejado e leve – a representar a velha Albion. Há um muito bom tártaro de canguru com caviar de trufa e gema confitada por cima, bem como crocodilo crocante (sim, sabe a frango de aviário), dois pratos a preencherem a quota dos exóticos. E depois sobram os internacionais, de carpaccios a gyozas, sendo de assinalar a galinha com arroz indonésio de camarão e lima, picante mas muito equilibrada.
Nota alta para a disponibilidade do chef, que perante uns cristais que surgiram no copo, tratou de contactar imediatamente o importador do vinho, no caso da Nova Zelândia, para esclarecer de que se tratava. Nada de mais, soube-se minutos depois, apenas os chamados “diamantes” ou cristais de ácido tártico, que só abonam em favor do vinho (marca Mount Hector).
Decoração moderna sem alma.
Preços a rondar os 30 euros por cabeça e a fazerem-nos questionar se é de repetir a viagem.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.