Amália canta o fado quando entramos. Ao lado de um rádio a válvulas, uma pilha de cassetes representa alguns dos maiores hits portugueses e estrangeiros do século XX. Estão lá Um Caranguejo na Praia, de Nel Monteiro, canções de amor de Elvis Presley e até o heavy metal de Iron Maiden. Dito isto, a música que mais interessa é outra: a do sino que toca sempre que sai uma fornada quentinha. Ao primeiro tinir, os croissants – as estrelas da casa – desaparecem. Todos os dias, desde que a padaria abriu no início do mês, que saem às centenas das mãos do chef Francisco Moreno, sempre atarefado a esticar a massa debaixo de uma larga arcada em pedra.
“Quando encontrámos este espaço, ele estava devoluto. Tinha as pedras cobertas de tinta e as portas foram recuperadas à semelhança das originais”, diz João Múrias, um dos donos, apontando para uma fotografia da fachada do prédio, datada de 1906. “Queríamos que as pessoas entrassem na Fábrica e viajassem até aos anos 60”.
Não foi difícil. Nas estantes há caixas de mercearia antigas, que outrora guardaram arroz, farinha e açúcar; em cima do balcão, uma balança serve de apoio a almanaques Borda d’Água; e é numa máquina industrial antiga, a primeira da Delta, que se tiram os cafés servidos aos clientes (0,70€).
À mesa comem-se, então, os croissants com ou sem recheios de queijo, fiambre, salmão fumado, ovo estrelado e tomate, ou em versões mais doces, como os de Nutella, compota ou de creme de amêndoa (até 4,70€). Mas não é tudo. Há quiches, saladas de presunto, tostas e uma pastelaria com cheesecakes e tartes de fruta.
Aproveite e leve o pão caseiro que aqui se faz, porque eles aceitam encomendas.