Cristiano Ronaldo é cliente há muito tempo desta floresta em Moscavide, tal como o jornalista Joaquim Letria, que definiu recentemente na Time Out o sítio como um “Gambrinus dos pobres” – e muito bem. Nasceu há mais de cinquenta anos e conservou algumas características típicas dos restaurantes que os galegos abriram em Lisboa no século passado: paredes forradas a madeira, empregados dedicados de camisa branca, comida de tacho, caça, peixes e mariscos.
De tudo o que se provou, há um prato que vale a visita. Os filetes de peixe galo foram dos melhores de sempre. O polme seco, fino, estaladiço, e a carne suculenta, lascada, sem excesso de limão nem pimenta, o sal no ponto, tudo perfeito, não se consegue melhor do que isto. Outras coisas boas. A cabidela de galinha tem lugar cativo na carta, coisa invulgar hoje em dia: pena faltar vinagre e arroz, e pena ter excesso de sabor a louro e salsa já velha. Noutra visita, provou-se o arroz de lebre, também em tacho com molho de cabidela, neste caso tudo bem. E houve ainda espaço para uma perdiz estufada com batatas e grelos, o prato bem apurado, ainda que a ave estivesse seca e sem expressão (o empregado disse não ser de aviário, mas estaria enganado). Ainda dentro das especialidades, a mousse veio densa mas macia, com chocolate escuro e boa quantidade de cacau, grande exemplar dentro do género tradicional, sem invenções – e o mesmo se pode dizer do leite creme, muito bom. Ronaldo está certo, como sempre.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.