O Gazpaxo não se apresenta como restaurante, mas sim como um comedor – mesmo quando comedor significa, em vários dicionários espanhóis que encontrei “espaço que se destina ao acto de ingerir alimentos”. Um comedor ibérico, dizem, com influências sul-americanas, e uma carta que varia consoante a disponibilidade do que o mercado oferece. Ora este comedor é um espaço minúsculo no Saldanha, com disponibilidade para dez pessoas, mesas redondas, bancos a saltar de umas para outras, e que só serve almoços (por enquanto, avisam). Uma boa opção para fugir ao trio de food courts da zona.
Na cozinha e na sala estão só e apenas Maria e Sérgio Garcês, ele sempre de volta das comidas, ela a dividir-se entre os empratamentos e o serviço – sempre bem simpático, por sinal. A ementa tem as dimensões da sala, mas é bem adequada para os almoços servidos.
Tem um óptimo gaspacho de receita mais convencional e tem um gaspacho de abacate, com lima, coentros e alho, um pouco mais desequilibrado, com o alho a sobressair, a lima e o sal sem se fazerem notar; tem uns nachos para picar e mergulhar em pico de gallo (bom), guacamole (normal) e sour cream (bom); tem um fresquíssimo e saboroso tártaro de beterraba cortada em cubinhos, com cebola roxa, pickles, nozes e maionese vegan; um ceviche tiradito, com corvina cortada em lâminas finas, coentros, pickles de cebola roxa e milho tostado muito bom; uns óptimos tacos de cerdo, feitos com pernil e cebola roxa; e, na mesma linha, uns burritos, com o picante na dose certa; e tem uma tempura de chocolate, a fazer lembrar um churro, mas em bola pequena, com crosta de nozes e chocolate preto puro derretido por dentro.
Provei a ementa toda? Quase, quase. Em dois almoços, a pagar 15€ à cabeça com gente a acompanhar, chega-se lá bem.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.