Crítica
Os restaurantes Nepaleses apareceram como um exotismo étnico, face à proliferação de indianos. Acontece que os nepaleses são quase todos iguais aos indianos — o que não é forçosamente intrujice ou oportunismo comercial. Historicamente, Nepal e Índia partilham território e cultura e há por isso muita culinária que se repete. A diferença está sobretudo em pratos de influência tibetana, como os momos (pequenos raviólis recheados), ou em técnicas de influência chinesa, como os legumes salteados em pedaços pequenos (e não triturados em pasta, como é habitual na Índia).
Neste Himchuli, em Alcântara, vê-se um bocadinho de tudo, e é tudo saboroso e a cheirar a especiarias. Gostei particularmente das chamuças, das melhores que comi em Lisboa, a massa estaladiça e seca como poucas, o interior de frango picado saboroso e húmido. Há também uma versão com recheio de batata e ervilhas, muito comum na Índia e no Nepal, mas rara por cá.
Nas carnes, o caril de borrego é fragrante, com dose domesticada de picante, mas eu aconselharia os pratos com espargos verdes e que usam javali, muito comum no Nepal. Pena não haver búfalo nem iaque, bichos também habituais na dieta dos locais, e em vez disso fazer-se uso de veado ou canguru, adaptação estranha que se estendeu aos peixes e a um tamboril insípido.
O espaço é cuidado, intimista, tranquilo, cheio de folclore (musiquinha incluída). Quanto ao serviço, mostrou-se tímido, não fazendo a pedagogia da gastronomia local, coisa que se recomendaria. Come-se por 15 euros por cabeça ao jantar, menos dois ou três euros se optar pelo menu de almoço.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.