1. O infame
    Fotografia: Arlindo CamachoInfame, no novo 1908 Lisboa Hotel
  2. pakora, infame
    Fotografia: Arlindo Camacho
  3. Infame
    Fotografia: Manuel Manso

Crítica

Infame

3/5 estrelas
  • Restaurantes
  • Intendente
  • Recomendado
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A Time Out diz

Durante muito tempo, esta foi considerada a esquina mais infame do Intendente, por causa da prostituição, explica Margarida Almeida, responsável pelo projecto do restaurante do hotel 1908. Na hora de o baptizar, chamou-lhe então Infame. O restaurante é muito luminoso, arejado, e a playlist, cheia de clássicos, embala bem a hora de almoço, altura em que há menu executivo por 12,50€, que inclui entrada, prato principal, sobremesa, uma bebida e um café. As influências dos pratos, pensados pelo chef Nuno Bandeira de Lima, são maioritariamente orientais e tanto pode encontrar umas veggie pakoras, com legumes e maionese de togarashi como um porco bhattarai, com arroz thai com pimentos. Aos fins-de-semana, entre as 11.30 e as 16.30, há brunch: o original (14€) inclui um cesto de pães, panqueca, manteiga e compotas, requeijão, queijo e fiambre, ovos mexidos, uma taça de iogurte com granola e compota, um copo de fruta da época, um sumo de laranja natural e uma bebida quente. O original extra (18€) traz mais uns pratos, como o wrap de carne.

Crítica: 

O novo restaurante com onda no Intendente proporcionou-nos uma viagem ao continente asiático com alguns altos e baixos

Muitos têm sido os esforços de revitalização do Intendente. E a verdade é que houve gente sonante a contribuir para
a causa. António Costa, na mudança de gabinete, Joana Vasconcelos, com a instalação do Kit Garden no renovado largo, e Catarina Portas, com a abertura de uma A Vida Portuguesa em tamanho XXL. Porém, se em nomes, cafés, bares e espaços culturais o cenário estava composto, até 2017 não havia um restaurante dito mais cool, naquela linha do bom-ambiente-boa-música-gente-gira.

O Infame, dentro do 1908 Lisboa Hotel, cujo nome se refere ao grito da rainha D. Amélia aos assassinos do marido e filho – a Almirante Reis chamava-se Avenida Rainha D. Amélia –, é o novo menino bonito da zona. A decoração é gira e cuidada, o enquadramento do restaurante é bem conseguido, tem dois andares e a forma de um V, que ocupa uma das esquinas do hotel, e tem as janelas rasgadas para a rua (e para o Ramiro, Jesus, essa máquina de fazer dinheiro). Mais: os empregados andam vestidos com umas camisas a puxar à estética hipster, a música é boa, no volume certo para deixar ouvir a agitação do sítio, e a luz está ajustada, nem de mais, nem
de menos. Resumindo, estão reunidas as condições ideais para a refeição ser agradável.

A ementa é curta e faz
uma incursão pela Ásia, em homenagem às nacionalidades das gentes que vivem na zona. Por isso, espera-se que a refeição decorra tal e qual uma viagem para um qualquer paraíso
do continente asiático: sem turbulência. E de preferência que resulte num bonito álbum de memórias.

Nem uma coisa nem outra. A viagem não teve incidentes de maior escala, mas teve demasiados poços de ar para poder dizer à boca cheia que foi muito boa – ou boa sequer.

Houve momentos de verdadeiro relax, é verdade, como, logo na descolagem, o devorar da broa de milho caseira com alguma humidade, barrada numa boa manteiga de açafrão e cebolinho, e dos paparis, não feitos na casa, mas comprados na zona (disse-me a empregada); mas logo seguidos de alguma tensão, com as torradas de azeite e orégãos, duras, secas, sem sabor, e com o massudo pão da casa. Ou o pico de felicidade que foi trincar uma carne Black Angus de alta qualidade, muito tenra, muito saborosa, para molhar num interessante chimichurri, mas a ter de intercalar as dentadas com umas batatas fritas muito oleosas, amolecidas (naquela transparência que, só de ver, não augura nada de bom), ao lado de uma salada de verdes desenxabida.

De tudo o que se provou, 
ao nível da carne e da broa, estiveram apenas as pakoras
 de legumes. Uma espécie de patanisca indiana de legumes, aqui muito bem frita, crocante
e fofa no interior, para molhar numa maionese de togarashi, um familiar do chili. Tudo o resto não passou da linha do mediano. À salada Martim Moniz, com couve chinesa, clementinas, paia, queijo da Ilha e amendoins tostados com especiarias, faltou mais paia, queijo e tempero.
 Em cima estavam todos e em quantidades normais, depois 
de três garfadas sobravam apenas pedaços de couve e 
nada mais. Ao atum Infame, apenas marcado na grelha, com guacamole, cevada e papaia verde, faltou vida e equilíbrio. Muita papaia ralada a servir de cama para um atum de sabor banal, nicos de abacate líquido e a cevada servida como arroz, algo seca. Melhor o parfait japonês, com gelado de líchia, parfait de matcha e crocante de chá verde, porém demasiado doce.

E depois há o preço do passeio: 32,50€ à cabeça, com um copo de vinho. Demasiado caro para alguns dos pratos servidos. A boa onda existe, o Intendente ganhou o sítio bonito e arrumado, mas ainda não é desta que fica no mapa gastronómico para valer.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Largo do Intendente, 6
Lisboa
1100-285
Preço
30 a 40€
Horário
Dom-Qui 12.00-15.00/ 19.00-22.00; Sex-Sáb 12.00-15.00/ 19.00-23.00
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