A nova sala de cozinha asiática do bar-restaurante Topo Martim Moniz sofre de um problema que os familiares não têm: a falta de vista. Não há Lisboa iluminada, néons e o castelo a compor o cenário, mas sim o Hospital de São José e respectivas luzes de ambulâncias. No dia em que lá jantei, sofreu também de falta de gente. Não a servir e cozinhar, que aqui até estava equilibrado – quatro clientes para quatro pessoas da casa –, mas à mesa. O resultado foi um jantar numa sala fria e vazia, que nem a música brasileira das colunas ajudou a aquecer.
A cozinha faz sentido na zona e na Lisboa de 2018, com todos os hits da Ásia, da sopa tom yum ao pad thai, das gyosas aos spring rolls. Há snacks muito bons, como as gyosas de vegetais (5€), com um recheio delicioso, ligeiramente picante; há snacks assim-assim, como os diminutos spring rolls de camarão (6€), que precisavam de uma massa menos dura e um camarão com mais sabor; e há snacks fraquinhos, como os bao com manteiga de wasabi, cebolo e cebola frita (3,50€), o pão a enrijecer por fora enquanto arrefecia (congelado?) e a manteiga sensaborona. Interessante o pho beef (15€), com um caldo cheio de ervas e especiarias; banal o nasi goreng (12€), algo seco e com um frango –socorro-medo, adjectivo outra vez – sensaborão. À sobremesa um bolo esponjoso de pandan (uma planta), com um gelado de yuzu fortíssimo, também a não convencer.
São 30 e picos euros à cabeça com vinhos, num sítio ao qual falta vida. Em todos os aspectos.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.
Esta crítica foi feita em Janeiro de 2018, antes da transformação do Topo Oriental em KIN Martim Moniz.