Por estes dias encontram-se carpaccios em largas dezenas de restaurantes de Lisboa. A receita é aparentemente simples, os temperos não exigem conhecimentos de alta cozinha e o prato é fresquinho. Devo dizer que também se encontram várias vezes carpaccios em minha casa, feitos com carne que já vem cortada do talho, uma receita infalível. A proliferação fez, porém, com que muitos desses pratos adormecessem à sombra da bananeira. Dois-três ingredientes, umas lascas de parmesão e zás, já está. Nem sempre resulta. O carpaccio La Mensa (11€), do La Mensa – a palavra italiana para “cantina”, coisa que o restaurante de Santos está loooonge de ser ou parecer –, não resulta. Novilho sensaborão, pedacinhos minúsculos de tomate seco, idem a noz ralada, parmesão que nunca mais acaba, rúcula e um excesso de azeite de trufa a apagar tudo o resto. Cansa-me esta moda de trufar tudo, sobretudo quando o país tem azeites tão bons. E também não ajudou ter pedido o carpaccio La Contessa e ter chegado este à mesa por lapso. Aliás, todo o serviço foi trapalhão e desatento.
Engraçada a piadina de frango asiático (7€), numa massa muito boa, mas algo desequilibrada na distribuição de ingredientes. Frango q.b., mozarela q.b., muito pouco abacate, cebola roxa e pimento quase nulos, pepino em excesso e algum molho sweet chilli. Conheço as piadinas do La Contessa, restaurante familiar em Cascais, que segundo me disse o empregado, lhes deu várias receitas, mas este não convence da mesma forma.
Para sobremesa, a obrigatória e boa piadina de Nutella (3€), com banana e morango. Não surpreende, mas cumpre. Aliás, nada aqui surpreende. Cumpre os mínimos, que é servir a juventude que todos os dias passa na zona.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.