Não há tubos de ensaio neste laboratório, nem cientistas loucos de batas queimadas por causa de experiências que correram mal. Mas há maçaricos que grelham carnes mal passadas e chefs com aventais cheios de nódoas, reflexo de uma rigorosa perfeição.
Milton Anes, o chef executivo do LAB – o mais recente restaurante de Sergi Arola – demora-se diante do prato. Roda-o, com cuidado, para que fique de frente para o cliente, antes de verter no seu centro o conteúdo que traz numa panela. Aqui, todos os pratos são terminados diante de quem os come.
É por pormenores como este que se querem demarcar do Arola, o restaurante do mesmo chef espanhol, que se vê através da grande janela envidraçada com vista para os campos de golfe do Penha Longa Resort, em Sintra. A cisão é de tal forma marcada, que à entrada uma máquina de aromas elimina os odores de outros locais. No LAB sentirá apenas o cheiro das peles de vaca tratadas sobre as mesas. “Este é um espaço mais à semelhança do estilo de Sergi, e dos seus casacos de cabedal, das suas botas Dr Martens e óculos de sol Ray Ban”, explica Vanessa Tomé, relações públicas do resort, acrescentando que há muito que os clientes pediam por um restaurante de “excelência”.
É por esta razão que todos os pratos da carta são discutidos com Sergi Arola e Ferrán Cerro, o chef residente do Gastro, o restaurante de Sergi em Madrid. “Esta é uma cozinha mediterrânica, mas não só. Reflecte muito as viagens de Sergi pelo mundo. É uma cozinha moderna, mas com um serviço clássico”, diz Milton.
Nada foi, por isso, deixado ao acaso. O símbolo do restaurante, que se assemelha à maquinaria interna de um relógio – um dos elementos fetiche de Sergi – com parafusos e rodas dentadas, é na verdade uma das tatuagens que o chef tem num dos braços. E é também um apelo para que deixe o seu em casa, porque este será o único relógio que marcará o compasso da sua refeição.
Passamos a explicar. Além de uma garrafeira com 550 referências de vinhos de todo o mundo, o LAB tem à sua disposição dois menus de degustação: o Discovery (90€) e o Sergi Menu (105€), para serem degustados ao longo de duas horas e meia. Se acha demais, então avisamos que não irá aguentar o “Locura a Locura”, que incluirá todos os pratos da casa (10) e que rondará um tempo médio de quatro horas à mesa. Deste menu fazem parte o tártaro de carapau alimado (24€) e o pombo d’Anjou, (30€). Contudo, são as molejas assadas com mistura de especiarias e mostarda antiga (30€), as meninas dos olhos de Milton, o seu prato preferido.
O LAB acabou de abrir, mas o relógio já está em contagem decrescente, uma vez que encerrará no Inverno. Se está curioso, reserve e perca-se nas horas com este restaurante.