Há uma nova fase a iniciar-se na carreira de Kiko Martins e o restaurante que acaba de abrir em Campo de Ourique é disso prova. No LeBleu, o chef mostra-se de forma mais depurada. A carne não entra e não há um prato que seja óbvio, nem mesmo para quem tenha seguido as pisadas de Kiko. Focada no Atlântico, e no que de melhor este tem para nos dar, a carta divide-se entre entradas e principais, e são poucos os pratos que não brincam com os sentidos de quem se senta à mesa. Nunca a vontade de arriscar foi tão notória da parte de Kiko, bem como o desejo de arriscar. O niguiri de lírio (7,60€/dois) onde o habitual arroz é substituído por um marshmallow feito com o caldo do peixe e por isso carregado de sabor, é um bom espelho disso, tal como o pastel de nata com enguia (5,70€) ou o crème brûlée com mexilhão fumado (11,70€). Já nos principais, que podem perfeitamente ser partilhados, há um polvo com enguia no carvão e pastinaca (27,90€), ou um surpreendente Wellington de pregado e camarão (78,90€), mas também um risotto de aipo e bacalhau negro (26,90€), que não é realmente um risotto, e um lagostim com tagliatelle nero (38,70€), que de pasta não tem nada e é, sim, feito de lula. Nas sobremesas, a dinâmica mantém-se. Veja-se o cremoso de pistáchio e goma de maracujá (8,90€), cujo empratamento (uns lábios vermelhos) promete fazer furor nas redes sociais.
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