Marlene Vieira quis fugir ao óbvio, mas fazer-se representar. Ovos são um essencial, em casa e no restaurante, e um ingrediente cardeal.
Chef ou cozinheiro?
Cozinheiro.
Actividade favorita quando não está a cozinhar?
Futebol. Gosto muito de ver futebol.
O melhor prato tipicamente português?
Arroz de cabidela.
Livro de cozinha favorito?
É o livro que comprei há pouco tempo do Alain Ducasse, Naturalité.
Se tiver amigos de fora em Lisboa, onde é que os leva a jantar?
Há alguns sítios. Não vou falar dos meus porque é muito forçado. Levaria ao Nobre [de Justa Nobre].
Se só pudesse fazer uma refeição por dia, qual é que seria?
Almoço.
O que não suporta comer?
Lentilhas.
Para quem gostaria de cozinhar?
Alain Ducasse.
E o que é que prepararia?
Cozido à portuguesa porque acho que é um dos pratos que mais demonstra a identidade da cozinha portuguesa, como o povo teve a necessidade de aproveitar peças de carne, produtos subvalorizados, transformando-o num dos pratos mais nobres e icónicos da gastronomia portuguesa.
O melhor restaurante em Lisboa para um encontro romântico?
BAHR [no Bairro Alto Hotel].
Qual foi o prato que mais dores de cabeça lhe deu?
Alguns, mas o último que me lembro foi o cabrito com arroz de forno do Pica-Pau porque queríamos chegar à perfeição. A temperatura de cozedura do cabrito com a temperatura de cozedura do arroz de forno, fazendo tudo no Josper, portanto um forno a carvão, sem auxílio a electricidade ou gás… Foram precisos muitos testes para chegarmos ao produto final que queríamos. A suculência, a intensidade de sabor do cabrito versus a cozedura do arroz de forno e a caramelização… Deve ter sido o prato que mais me desafiou por ter sido feito num forno a carvão.
Programa de culinária favorito?
Ui, não vejo programas de televisão.
Palavrão favorito quando se entorna o caldo?
Caralho.
Sobremesa predilecta?
Pudim abade de priscos.
Colher de pau ou de borracha?
Colher de pau.
O que é que nunca pode faltar no frigorífico?
Pode ser mais do que uma coisa? Queijo artesanal, espargos e um bom peixe, uma boa carne.
Qual foi a coisa mais estranha que já comeu e onde?
Larvas no Manja, o estúdio do Paulo Amado. Detestei, fiquei completamente enojada e eu sou disponível psicologicamente para provar outro tipo de produtos e aparentemente não me criava transtorno nenhum, mas provei e odiei.
E a mais surpreendente?
Carpaccio de lagostins do Estimar [em Madrid]. É muito bom, aquilo mexe mesmo com o cérebro.
A melhor bebida enquanto cozinha?
Espumante.
Condimento favorito?
Paprika fumada.
Qual foi o primeiro prato que serviu?
Bacalhau à Brás.
Qual é a pergunta que mais lhe fazem sobre comida?
Qual o segredo para fazer um bom arroz.
Onde janta quando está de folga?
Em casa com a minha mulher e o meu filho, mas costumo visitar também amigos de profissão.
Petisco favorito?
Iscas à portuguesa.
Um sítio para comer bom e barato?
Bons são quase todos, baratos mais ou menos. Bom e barato é a Imperial de Campo de Ourique.
O que come ao pequeno-almoço?
Ovos.
Qual seria a sua última refeição?
Arroz de cabidela. É o meu prato preferido portanto seria a última.
O que leva para um jantar para o qual foi convidado?
Uma boa garrafa de vinho e um queijo.
Melhor região de vinhos em Portugal?
Pico, Açores.
*Este artigo foi originalmente publicado na edição Inverno 2022/2023 da revista Time Out Lisboa