Luka
Francisco Romão Pereira

Crítica

Luka Lisboa

4/5 estrelas
Asiáticos modernos costumam ser exotismos para português ver, mas Alfredo Lacerda gostou do que aqui comeu, viu e ouviu.
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Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Tudo começou com quatro croquetes de pato e uma ideia original. “Quisemos recriar o pato à Pequim”, explicou o anfitrião, à mesa. A acompanhar, o clássico molho chinês hoisin, aqui emulsionado numa maionese. Comeram-se acabadinhos de fritar, mais rápido do que pãezinhos quentes. 

O meu amigo Viegas, companhia de peso nestas incursões, ficou eufórico com o arranque e mal teve tempo para limpar os beiços. Eis que chegou logo de seguida mais comida de polme, desta feita bolinhas de frango frito, snack típico das ruas de Taiwan, aqui nomeado “Tapei fried chicken”, pipocas para o Viegas.

Os pedaços de frango vêm na forma de bolinhas crocantes, com o interior amaciado por uma marinada de soja e especiarias. Não senti pimenta branca, canónica na receita, nem fiquei com a impressão de serem cortes da coxa da ave, como é também dos livros, mas estavam bem boas e ainda por cima em dose bruta. 

Logo aqui percebemos estar perante um asiático com remix ocidental. Uma pesquisa pelo noticiário do lifestyle informou-nos depois que a marca Luka nasceu em Banguecoque, fundada pela letã Una Plaude, amiga de João Gonçalves, sócio do restaurante português.

O Luka Lisboa inaugurou em Novembro de 2022 para servir “modern asian comfort food in the heart of Lisbon” (lê-se na apresentação do site).

Costumo desconfiar destes híbridos, mas este tem uma coisa importante para dar certo: humildade. Não é um asiático moderno a bater no peito, com a receita do costume: “Mistura-se molho de soja e um ateliê de arquitectura cool, faz-se um balcão bonito em madeira reciclada, injecta-se emoção com néons e fica-se à espera que os influencers façam o resto”. 

O Luka tem tudo isto (e cervejas artesanais e “tasting experiences para grupos de oito ou mais”), mas quer fazer o cliente sentir-se bem e quer melhorar. 

Senão, veja-se isto. Veio depois um caril vermelho de pato. Bem pensado, contrastante, com ananás e tomate assado, com doçura e acidez, lascas de coco e o magret no ponto. Só tinha um problema: estava morninho. Caril morninho não é bom. 

O meu amigo Viegas comunicou-o de viva voz a João Gonçalves, porque simpatizara com ele desde o início. Eu evito fazer isto, em parte porque, na maioria das vezes, o outro lado ou vai dar dez justificações ou assentir e assobiar para o lado. João Gonçalves, todavia, admitiu a falha e prometeu melhorar. Clap, clap, clap.

A terminar, optámos por uma sandes de brioche com porco desfiado e picles da casa, uma javardice boa para fechar os salgados. 

Nos doces, três opções, uma delas um mochi de compra (do bom). Fomos pelas caseiras: panacota de coco, manga fresca e nougat de sésamo; e uma belíssima tarte de chocolate picante (muito suave) com base de aveia. 

Em síntese. A zona do Conde Redondo ganhou um restaurante bonito, com aroma asiático e um serviço acima da média, que gosta de nos ver felizes. Ainda há margem para melhorar na cozinha, mas este Luka já é uma boa opção para quem procura paragens a Oriente, sem abdicar de conforto e segurança. 

Detalhes

Endereço
Rua Luciano Cordeiro 89
Lisboa
Preço
30-40€
Horário
Ter-Sáb 12.00-15.00, 19.00-22.00
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