A sorte é que na altura este pátio ainda não existia. Caso contrário, Francisco Ribeiro, mais conhecido como Ribeirinho, ter-se-ia instalado na Ajuda, com toda a parafernália da época, para filmar o Pátio das Cantigas, o filme de 1942, onde Vasco Santana é um bêbedo inveterado e todos os outros cantam que nem rouxinóis.
O Páteo Alfacinha, mandado erguer por Vítor Seijo na década de 80, foi recuperado recentemente pelo neto Miguel. À Tasca das Tradições, às Escadinhas da Saudade, à Casa da Mariquinhas e à Capela de Santo António Cansado (porque o Santo leva o menino pela mão, em vez de o carregar ao colo como é usual), junta-se agora a Mercearia do Páteo, que abriu portas ao público no início deste mês.
Lá dentro, tudo é de produção nacional, à excepção do arroz espanhol Bomba Calasparra. Os produtos, tais como chouriços de porco preto, paios, presuntos, queijos de Azeitão, de Nisa e Serpa DOP, bacalhaus salgados inteiros, azeites variados, conservas e vegetais, estão todos para venda.
Muitos deles servem mesmo para confecionar alguns dos pratos da ementa. Passamos a explicar. A açorda de amêijoa com ovo de codorniz (8€), por exemplo, leva licor de poejo, à venda na mercearia. O mesmo acontece com os mexilhões de escabeche com vinagre de mel (9,50€), com o bacalhau Asa Branca (7€ e 11€), com a codorniz com vinho tinto e uvas (3,50€ e 7€), e com o carré de borrego com castanhas caramelizadas em hidromel (9€ e 19€).
Tudo é tão pitoresco, que até lá vive um gato, chamado Atlético, para dar mais credibilidade à cena. E corta.