1. naked
    Fotografia: Arlindo Camacho
  2. naked
    Fotografia: Arlindo Camacho
  3. naked
    ©Arlindo Camacho
  4. naked
    Fotografia: Arlindo Camacho
  5. naked
    Fotografia: Arlindo CamachoCeviche de cogumelos
  6. naked
    Fotografia: Arlindo Camacho
  7. naked
    Fotografia: Arlindo Camacho

Crítica

Naked

3/5 estrelas
  • Restaurantes | Orgânico
  • preço 2 de 4
  • Princípe Real
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
Publicidade

A Time Out diz

Olhando para a fachada, o nome “Naked” está impecavelmente grafado, como uma dessas lojas antigas com o seu charme elegante de bairro. Podíamos estar em Notting Hill.

Lá dentro, o ambiente é branco e luminoso, quente e seco, aquecimento de Europa rica. Abrimos a carta, bonitos desenhos de frutas tropicais e sugestões em língua luso-britânica: “bowl de açaí”, “smoothie bowl do dia” ou então um dos menus, “power”, “naked” ou “green””. Tudo com muitas vitaminas e poucos hidratos
 – seguindo-se a tendência de comida saudável gourmet.

Quanto a preços, as sopas andam nos 4€, os principais vão dos 8,50€ (omelete de claras), até aos 14,50 (escondidinho de camarão). Podíamos estar em Notting Hill.

Ao nosso lado esquerdo está uma rapariga britânica com um sotaque londrino cerrado, à nossa direita um casal de alemães de câmara reflex e Moleskine, e há mais estrangeiros na segunda sala, à mistura com lisboetas, boa parte mulheres com pinta de galeristas (que é como parecem as balconistas do Príncipe Real), outra parte miúdas de mala Guess e iPhone X demorando-se nos enquadramentos dos “bowls” para o blog sem glúten, sem lactose, sem nada.

A propósito de blog, fazer notar o seguinte: este é um restaurante vestido para as redes sociais. Tudo foi pensado para ficar bem no Instagram. A loiça, os individuais, o poster do Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymus Bosch, a belíssima cutelaria da Herdmar, e a comida. Não há um prato que não seja instagénico, sempre um ornamento, um desenho, um contraste, uma flor. Se for preciso agredir as papilas para sair bonito, agride-se. A sopa de beterraba, por exemplo, vinha com perpétuas roxas. Diz o empregado. “Lindas e ainda por cima comestíveis”. São? “São”. Não é só para chá? “Não”. A flor felpuda entra na boca, é preciso mastigar atleticamente, as pétalas rijas como cornos coladas às gengivas, aos dentes, à língua, só mais sopa (bem boa, por sinal) consegue lavar a boca daquela parvoíce.

Falando do serviço, foi desequilibrado. Um empregado daqueles que não sabem nem querem saber, outro que sabe tudo. Noutro dia, a equipa de sala tinha mudado, um dos empregados era competente e espirituoso.

Sobre a substância. Em duas visitas, saltaram-se sempre os pequenos-almoços e as tostas, servidos entre as 10.00 e as 12.00 e as 16.00 e as 19.00. E também não se foi à parte do Médio Oriente, onde pontifica a típica shakshouka, uma tomatada com ovo escalfado, bem como o hummus com palitos de vegetais.

Notas de prova. No primeiro almoço, oscilou-se entre o
 bom (sumo do dia de maçã, gengibre e cenoura, com as fibras da fruta, muito equilibrado; lasanha de vegetais: a massa no ponto, curgete e cenoura crocantes; sopa de beterraba: excelente, tirando a perpétua...) e o razoável (creme de feijão com óleo de trufa: bom mas salgado; escondidinho de puré de mandioca e leite de coco, com uma tomatada de bacalhau: assim-assim; e a tarte de amendoim: bem feita mas monótona).

No segundo almoço, dois pratos com avaliação de bom 
e uma sobremesa razoável. Comecemos pelo fim: ao tiramisù faltou mascarpone
 e café. A taça (o bowl) de arroz integral, feijão, manga, tomate
 e cebola foi uma surpresa, 
tudo ligava bem e tinha sabor e textura. Mas a refeição valeu a pena por causa da extraordinária vichyssoise de batata doce: cremosa, com um coulis de beterraba a dar-lhe acidez e vida, e ainda o incrível pó de dukkah, no topo.

O que é o dukkah? O dukkah
é uma mistura feita de frutos secos, como amêndoa e pistáchio, a que se juntam especiarias, como z’aatar. Podíamos estar a comê-lo no Médio Oriente, mas também podíamos estar no restaurante da estrela planetária da cozinha saudável, Yotam Ottolenghi. Onde? Ora, adivinhem lá.


*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua da Escola Politécnica, 85/89
Príncipe Real
Lisboa
1200-279
Preço
15-25€
Horário
Todos os dias 10.00-18.00
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar