26 de Setembro de 2007. Chegava às bancas o primeiríssimo exemplar da Time Out Lisboa com uma capa onde se anunciavam “101 razões para abrir os olhos e adorar esta cidade”. O Noobai era uma delas, com a ressalva de lá ir “sem pressas”. Dez anos depois, incumbiram-me de lá voltar para perceber como param as modas naquela que era na altura, e passo a citar esta mesma publicação, “a esplanada do momento”.
A composição da esplanada continua a ser um sinal da sua popularidade; o serviço melhorou, mas ainda sofre as demoras do costume, sobretudo quando se escolhe a esplanada de cima, “porque vem tudo de elevador da cozinha lá de baixo”, justificam; e a vista, felizmente, não há grua ou edifício pós-moderno que a manche.
O problema é alguma da comida que servem. E os sumos naturais. Começo por um caro (muito, muito caro) brunch vitamina. Por 12€ uma tigela com iogurte natural banal, coulis de goiaba (enjoativo de tanto açúcar), muesli que prometia ser crocante mas estava em pó, alguma fruta em pedaços e mel, mais um sumo de laranja aguado e doce. O que em 2017 se chamaria de bowl, aqui é uma taça trapalhona e sem grande história, a anos-luz do preço pedido. O brunch energia, já mais ajustado ao valor pedido, 15€, trazia uns ovos mexidos secos, um bacon crocante frio, meio tomate grelhado (e por grelhado entenda-se só um toca e foge na chapa), fruta de Verão sem sabor, requeijão de cabra (muito forte), salmão fumado grosseiro, pães simples e o mesmo sumo de laranja... Ora aquilo que teve qualidade durante anos e foi um chamariz para o Noobai, não soube evoluir com a cidade – nem mesmo com o restaurante, que se reinventou e modernizou este ano.
É, por isso, mais seguro, escolher os petiscos e pratos da carta. Engraçadas as gyosas de vegetais (4€), bom o chili com carne e arroz basmati (9€), mas que podia estar mais quente, boas as gambas com manga (8,50€), num molho com malaguetas, alho e alecrim. Pesada a salada de endívias (6€), com uma pasta de roquefort e frutos secos a pedir algo para cortar o forte gosto do queijo. Fraquito o sumo de manga, e o de melancia e papaia, idem.
O melhor mesmo é passar no Noobai para a ver a vista, comer uma tosta (ainda são boas) e beber um café. Sem pressas, sempre sem pressas.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.