1. O Maravilhas
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  2. O Maravilhas
    Fotografia: Manuel Manso
  3. O Maravilhas
    Manuel MansoO Maravilhas

Crítica

O Maravilhas

5/5 estrelas
  • Restaurantes | Português
  • preço 1 de 4
  • Estrela/Lapa/Santos
  • Recomendado
José Margarido
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A Time Out diz

“Hoje vou ao O Maravilhas.” A frase não soa bem aos falantes de português, mas a ideia soará sempre bem aos conhecedores da casa. O problema de baptizar um lugar com um artigo definido é esta indefinição tramada em que nos deixa perante a língua. Na maior parte das vezes, a coisa resolve-se comendo a vogal — “hoje almoço n’O Maravilhas”; noutras resolve-se decidindo comer a língua, que se serve à quinta-feira, anunciando simplesmente “vou ali ó Maravilhas”, sem perder mais tempo com conversa palerma. Ora eu, depois de aqui voltar umas largas dezenas de vezes, tenho a declarar o seguinte: o “O Maravilhas” é
 um dos melhores restaurantes desta cidade, sempre que o critério de avaliação for a relação honesta qualidade/preço. Nesse campeonato, o nome da casa não gagueja.

A ementa da Dona Ermelinda, que vai para 35 anos a tomar conta desta cozinha, tem dias fixos mas não tem dias fracos, e só cobre
os dias úteis. Quinta-feira, por exemplo, é um dia feliz com língua de vitela estufada (7,50€), que nas minhas repetidas expedições a Alcântara chegou sempre tenra mas firme, levemente gomosa, num guisado apuradinho entre
 o ácido de tomate e o doce da cenoura (acompanha um puré
 de batata feito com tubérculos verdadeiros e travo discreto
 de noz moscada). À quinta, a felicidade também chega fatiada em iscas de porco, que sendo altas para as minhas preferências me convenceram pela qualidade
 do fígado, o tempero doseado de louro, alho e vinho branco
 e a aquela fritura branda que mantém a glândula do bicho na consistência certa.

Depois há uma belíssima feijoada à transmontana – as couves envolvidas no feijão sem perder o viço – que coloco sem hesitações entre as melhores 
que já provei na cidade, mesmo sem recorrer ao argumento de que é um milagre servir uma dose daquela generosidade, com aquela qualidade de entrecosto 
e enchidos, por aquele preço (7,40€). Se a isto somarmos as ervilhas com ovos (7,40€), que repetem as carnes da feijoada, temos uma quinta-feira de boas indecisões. Isto sem chamar ao barulho os carapauzinhos fritos (8,50€), que por vezes ali andam, sempre guarnecidos de um arroz malandro e também ele indeciso – já o encontrei vestido de tomate, de coentros, de feijão e de grelos – e que nunca, mas nunca, me desapontou.

No outros dias, quase tudo muda. Mantêm-se a mão precisa da Dona Ermelinda, a eficiência inatacável e a simpatia tranquila da sua filha Luísa e do genro Carlos, que cuidam da frente da casa, e a exigência comum dos almoços nas grandes casas de pasto: chegue cedo ou traga paciência.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua Vieira da Silva, 16 A
Lisboa
1350-344
Preço
Até 10€
Horário
Seg-Sex 10.30-22.00
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