1. Obicà
    Mariana Valle Lima
  2. Obicà
    Mariana Valle LimaFocaccia de tomate com manjericão fresco
  3. Obicà
    Mariana Valle Lima
  4. Obicà
    Mariana Valle LimaMozzarella bar
  5. Obicà
    Mariana Valle LimaGnocchi com fondue de camembert di bufala, gorgonzola DOP, pera caramelizada e nozes
  6. Obicà
    Mariana Valle LimaDegustação de sobremesas

Crítica

Obicà

4/5 estrelas
Intitula-se o “primeiro mozzarella bar do mundo” e chegou a Portugal. Alfredo Lacerda foi lá deliciar-se, sobretudo, com a prima: a burrata.
  • Restaurantes | Italiano
  • Princípe Real
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Andamos a comer demasiadas burratas, demasiado más. É preciso critério. E o critério pode ser este: sempre que virem as palavras “burrata” e “Apúlia” (Puglia, em italiano) é para mandar vir. 

A burrata é um queijo rebuscado, no sentido em que obedece a uma engenharia complexa. No fundo, é uma espécie de ravióli de mozarela, com recheio de natas e pedaços. 

Diz a história que nasceu perto do Castel del Monte, nos arredores da cidade de Andria, região da Apúlia. O inventor terá sido o queijeiro Lorenzo Bianchino Chieppa, algures nos anos 1920, e a obra surgiu do aproveitamento da camada natosa que se formava no topo do leite da manhã. 

A isto, Lorenzo juntou sobras de tiras de mozarela, esfareladas com os dedos, encapsulando tudo numa camada dura, com uns 5 milímetros de grossura.  

O resultado é uma cena de soft porn, como sabe quem já agarrou numa burrata com as mãos e deu cabo dela à dentada, semi-cerrando os olhos, eventualmente deixando escorrer um fiozinho do leite grosso, doce e ácido – fresco, vibrante! –, pelos cantos da boca.

Ora, no Obicà convém uma certa compostura, mas ainda assim tudo o resto se consegue. O restaurante pertence a uma cadeia – com restaurantes dos EUA ao Japão –, o que não invalida que tenha burratas e mozarelas das melhores da cidade, servidas como deve ser, sem tomatinhos insípidos a acompanhar ou outro acessório que justifique somar mais 5 euros ao preço.  

Pode comer-se só assim ou com um bom azeite cru por cima – azeites suaves, como os de azeitona galega – e uma fatia de pão a acompanhar, ou, melhor ainda, com focaccia, que no Obicà é bem boa, o azeite ligeiramente frito por fora e o interior untuoso. 

A minha sugestão é que vá com amigos e se dedique à “Gran Degustazione di Mozzarelle” (38€), que dá direito a provar um bocadinho de muita coisa, incluindo ricota de leite de búfala. O ideal é entremear com outros pequenos pratos, como hummus e charcutaria de Parma D.O.P, e não se aventurar noutras italianices. 

Ao almoço, há um bom negócio. Por 18€, tem o menu executivo, com direito a couvert, entrada (ou sobremesa), prato e café. Nas pastas, provaram-se uns gnocchi e um spaghettoni, ambos bem, sem encantarem. 

Há muitas outras opções, incluindo pizzas, e pratos de substância, como rib eye (o coração do costeletão, sem osso) alcachofras ou robalo com porcini. Mas tenho assente que a essência da casa são as mozarelas e seus derivados, não se afirmasse o Obicà como “o primeiro mozzarella bar do mundo” (em Portugal, terá sido o Puro 4050, no Porto, também bem bom). 

Em síntese. Numa cidade onde as burratas se tornaram nas novas trouxas de alheira, é difícil encontrar das boas. Neste Obicà, elas existem e a um preço decente e isso é uma dádiva que devemos agradecer e comer. 

Detalhes

Endereço
Rua da Escola Politécnica, 90 (Príncipe Real)
Lisboa
1250-100
Preço
20€-30€
Horário
Seg-Dom 12.30-16.30/ 19.00-23.00
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