O principal critério para avaliar um restaurante de pato à Pequim chama-se nível-de-crocância-da-pele. Ou seja, a avaliação faz-se em função do crunch que ecoa quando os molares apertam a capa estaladiça da ave. Ora, o nível-de-crocância deste Quanjude variou muito de refeição para refeição – e foram três.
Um pouco de contexto. Há poucas comidas chinesas tão consensuais como o pato à Pequim, e por bons motivos. O principal é a pele, claro, que nalguns restaurantes se serve à parte, em grandes lascas. Aqui não. Pedindo-se um pato inteiro (49€, serve três pessoas) ou apenas meio (26€, duas pessoas) a carne é laminada com a pele agarrada.
O corte acontece à vista do cliente, junto ao forno em tijolo instalado num canto da sala ampla. Só por isto já o Quanjude valeria a visita, apresentando-se como o restaurante chinês em Lisboa que mais fichas põe na confecção do prato icónico. O nome, segundo o noticiário, é um franchising da marca com sede em Pequim, onde há mais de meia dúzia deles, incluindo um colosso de sete pisos e mais de 10 mil metros quadrados.
Fora a pele, a carne deve ser suculenta e saborosa, coisa que nem sempre aconteceu aqui, revelando-se inclusive seca numa das visitas. Excelentes a canja de pato que acompanha o prato, com perfume de coentros e gengibre, tal como aliás estava boa a fritada com pimenta dos restos da carne do bicho.
A carta tem muitas outras opções, algumas da região de Sichuan, como a entremeada fina cozinhada duas vezes, um salteado clássico, aqui executado com competência. Bom também o tofu sedoso com ovos de mil anos, que tinha o defeito de vir banhado num molho de soja salgadíssimo.
Sobremesas fraquinhas, preços puxadotes (20-25€) e um serviço caótico e incomunicante. Ou seja, pode ser uma opção se quiser comer pato, mas não espere altos voos.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.