1. Pils
    Francisco Romão Pereira
  2. Pils
    Francisco Romão Pereira
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Crítica

Pils

5/5 estrelas

Define-se como um beergarden e um assador e tem um pouco de Munique e de San Sebastián. Um sonho, portanto, diz Alfredo Lacerda.

Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Tinham-me vendido um beergarden e eu fui. Levava o entusiasmo de quem vai beber canecas de cerveja de trigo e salsichas wurst de frasco (nada contra). 

Mas apareceu outra coisa.

A carta de comidas era dessas de uma só página e parecia um poema: “pão com manteiga”, “anchovas cantábricas”, “azeitonas em picles”, “queijos com marmelada caseira” – só na abertura de coisas Simples. 

Depois, a secção Petiscos e do Carvão. Mais literatura da boa, cada vez mais pós-moderna, cada vez mais arriscada: “sopa de carne goulash”, “dadinhos de tapioca”, “frango crocante”, “almôndegas de carne”, “funcho frito”, “cenouras e abóbora com labneh de maracujá”, “kafta”, “bife do acém”, “sardinhas”, “schnitzel com salada”. 

Por esta altura, comecei a duvidar. Tínhamos País Basco, Brasil, Leste da Europa, Médio Oriente – como um best off de comidas deliciosas do mundo. Um sonho ou um pesadelo? Uma maravilha ou um desastre?

Faltava falar das bebidas. Sentámo-nos ao balcão, mesmo em frente às 24 torneiras de cervejas e sidras. Do outro lado, o empregado fez questão de nos dar a provar algumas opções. A selecção era mesmo uma selecção e não resultado de promoções de cervejeira. 

Havia IPAs da Dois Corvos, pilsners alemãs, stouts belgas – várias belgas. Na carta, mais opções. Em garrafa, experimentou-se uma sidra basca, belíssima, seca, com ligeiras notas a couve no nariz, na boca fresca, com a acidez harmoniosa. 

Em que é que isto iria resultar? 

Vamos às notas da prova. 

Era almoço e o pão surgiu como se tivesse sido cozido há duas horas. Pensei que fosse da casa, mas era da Pão do Beco, uma maravilha de untuosidade e sabor. 

A manteiga, essa sim, era batida, a partir de natas, com a acidez característica. Clap, clap, clap. 

Estava dado o mote e a partir daqui já sabíamos que estávamos perante um caso sério. 

De repente, tínhamos o balcão cheio de coisas boas. Umas mais frescas, como a salada de batatas com cebolinho; outras mais pesadas, como o schnitzel, o panado de lombo de porco, fino, com manteiga de mostarda (talvez não faça sentido) e picles de rabanete; mas também o pretzel; mas também as anchovas em azeite; e, ainda, as bratwurst, salsichas caseiras, feitas de carne de cachaço de porco e de vaca, grelhadas no ponto, suculentas, sobre um molho demi-glacé guloso; a terminar, tarte basca, das melhores que tenho comido – e têm sido muitas, como sabem. 

Por um almoço opíparo e especial, pagaram-se menos de 30 euros por pessoa, o que vai sendo raro por estes dias – e não fomos aos vinhos, onde há poucas coisas, mas selecionadas por alguém conhecedor e com o bom gosto de juntar nos espumantes o Vadio Solera com o pet nat italiano Montesecondo Ghazi. 

Em síntese. O Pils, projecto de um russo, ex-bartender, fugido de São Petersburgo aquando do início da guerra, é um achado. O menu é uma mescla difícil de categorizar, mas a verdade é que faz sentido na categoria beergarden ou, senão, numa categoria que agora vou inventar: cervejaria internacional. Espaços bonitos, luminosos, floridos. Serviço simpático e atento. 

De resto, há ainda tanto por explorar e conhecer, dos vinhos às cervejas, das almôndegas à costela de vaca grelhada.

Vão lá. Vão com respeito. Mostrem o vosso amor. 

Detalhes

Endereço
Rua do Conde Redondo, 70
Lisboa
1150-109
Preço
25-35€
Horário
Dom-Sáb 12.00-23.00
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