Depois de mais um domingo remetida à escuridão fresca de um covil, em fuga aos trinta-e-tal-graus da praxe agostina, aproveitei o fim do dia para apanhar ares pela cidade que ainda se faz sentir pacata – parece que as pessoas vão para a praia e assim. A meio do passeio, lembrei-me da dica que algum outro acalorado me havia dado: os gelados da Pizpireto. O menu, exposto no exterior, quase me derrubou do fito – para além de gelados de pauzinhos de todos os sabores e combinações, há gelados tradicionais em bolas e uma lista infindável de croissants com doces. Agarrada ao estoicismo, ou ao calor, pedi o que me pareceu mais fresco: um pauzinho de maracujá e outro de manga. A melhor coisa dos gelados de fruta é quando eles sabem mesmo a fruta, e não ao esquisito a que as coisas de fruta costumam saber. E assim, mal levei o gelo aos lábios, resolvi um grande ressentimento: a falta que o fruttare de maracujá da Olá me faz todos os verões. Aqui estava ele, renascido mas em melhor: uma bela polpa de maracujá gelada, com direito às sementinhas e tudo, muito fresca e sem quantidades indesejáveis de açúcar a querer matar o ácido elixir-dos-acalorados. E, eis no centro, algo inesperado: o gelo deu passagem a um interior cremoso de leite condensado, capaz de fazer as delícias de quem não quer que a necessidade de fresquinho se traduza em menos cremosidade e doce. Esta é uma receita conhecida como paleta mexicana e, na Pizpireto, há várias combinações: café com doce de leite, chocolate e avelã, coco e doce de leite, etc, etc, pelo que estou disposta a dedicar todos os finais de dias quentes a caminhar até lá para percorrer a lista.
Provei também o gelado de manga, este já sem surpresas no interior, “apenas” uma massa gelada cheia de polpa da fruta mesmo saborosa. Vão com apetite, que o tamanho é generoso!
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