Há uma Cadeia de Pizzerias mainstream cujo slogan me parece adequado à Pizzeria Romana Al Taglio: “O segredo está na massa.” É claro que os ingredientes postos em cima da massa contam, é claro que a combinação de sabores e o equilíbrio dos produtos em cada fatia também entram na matemática, mas depois de se provar umas quantas pizzas, chega-se à conclusão que a base tem um peso importantíssimo nesta pequena casa de pizzas à fatia que abriu na Baixa no final do ano passado.
É feita com uma farinha biológica Molino Agostini, tem uma fermentação que pode chegar às 72 horas e, como deve ser em restaurantes da especialidade, é alta. Ora alta não quer dizer massuda. Quer dizer densa, mas leve ao mesmo tempo, e com algum ar. Além de bem tostada na base. Aqui cumprem-se todos os requisitos. Por cima de tudo, vêm várias combinações, nem todas disponíveis todos os dias, mas todas óptimas.
Do que provei recentemente, destaque para a pizza de batata e alecrim, com o tubérculo laminado muito fino, numa ligação hidratos com hidratos muito boa; para a arrabiata com pachino, uma pizza de tomate cereja num molho picante, equilibradíssima de condimentos e sabores; para uma de curgete, beringela e cogumelos, com os vegetais cozinhados no ponto (e sem largarem água, note-se); para uma de cogumelos, speck e creme de trufa muito bem conseguida,com ocremedetrufa sem se sobrepor a tudo o resto, como muitas vezes acontece; e até para uma de fiambre e mozzarella, simplicíssima, mas a conseguir fazer o que é raro numa pizza: ter um fiambre fino.
Fica-se alimentado com duas fatias, fica-se bem alimentado com três e mesmo com quatro não se fica cheio – lá está, o segredo é a massa. Troca-se uma nota de dez pela refeição, leva-se troco e sai-se com a vontade de voltar.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.