1. Refeitório
    Arlei Lima
  2. Refeitório
    Arlei Lima
  3. Refeitório
    Arlei LimaArroz de míscaros
  4. Refeitório
    Arlei LimaBarriga de porco bísaro
  5. Refeitório
    Arlei Lima
  6. Praça
    DR Praça
  7. Praça do Hub Criativo do Beato, no Verão
    DRPraça do Hub Criativo do Beato, no Verão
  8. Praça do Beato
    © Praça do Beato

Crítica

A Praça

4/5 estrelas
O espaço gastronómico do Hub Criativo do Beato tem uma cantina chique, de valor. Alfredo Lacerda descobriu um novo sítio para almoçar.
  • Restaurantes
  • Xabregas
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
Publicidade

A Time Out diz

Onde raio é que, em Lisboa, se consegue almoçar num sítio com atmosfera luminosa, azeite transmontano Acushla, mármores de lioz e uma peça artística de Francisco Vidal – e isto sem termos de pagar mais de 30€? Dito de outra forma: onde se pode almoçar com algum estilo, bons produtos e uma sala bonita, não tendo os portugueses salários de alemães? 

Ora, o Refeitório, instalado na Praça, no Hub Criativo do Beato, é um desses oásis raros de Lisboa, sem hordas de turistas a passar à porta, arejado e luminoso, com preços sensatos, estacionamento e pratos do dia que não arroz branco com polpa de tomate e filetes de red fish congelado. 

Por 15€, come-se sopa, prato e sobremesa – sendo também certo que, quando perguntar de que é a sopa do dia, não lhe vão responder que “é de legumes”. A sopa, aliás, foi a primeira coisa que me agarrou a este Refeitório, um projecto que comporta uma loja de produtos exclusivos, uma padaria e o restaurante, este um espaço autónomo, onde se almoça e janta. 

Na primeira visita, calhou um creme de beterraba e citrinos, absolutamente irrepreensível, sem notas excessivamente terrosas, como é costume, e o azeite cru a contrapor ao docinho e a atirá-la para o céu. Na segunda visita, houve um caldo verde sedoso, feito de batata boa (usam-se, por norma, batatas do produtor da Lourinhã Raúl Reis) e a couve galega em fios, fresca e tenra, com o azeite outra vez a fazer brilhar o prato.

Para quem gosta de azeite, aliás, a Praça, e este Refeitório, por maioria de razão, são um parque de diversões. No couvert, veio um azeite transmontano (o tal Acushla) cheio de sabor e harmonia, perfeito para ensopar o pão de fermentação lenta feito na casa, ou para ir alternando com as azeitonas (também transmontanas, mas demasiado salgadas). E quando se pediu o bacalhau com broa, à carta, foi o mesmo azeite que temperou o prato, com a possibilidade de derramarmos uma dose suplementar. 

Se gostar, pode levar o azeite para casa, que ali ao lado, na loja da Praça, estão disponíveis para venda o Acushla e outras garrafas de várias regiões do país, tudo bem seleccionado, um dos poucos acervos de azeites de qualidade que se encontram em Lisboa, a preço justo.

Voltando à carta do Refeitório, para além do menu do dia de almoço pode-se escolher entre três pratos fixos, da autoria do chef residente Glediston Santos: o tal bacalhau com broa, com grelos e broa bem frita e crocante (bom, mas faltou acidez e uma batata mais densa); barriga de porco com arroz de cogumelos e abóbora, a carne a desfazer-se, acompanhada de um jus caramelizado, gostoso e intenso; e um bife do lombo, versão da receita clássica de bife à Jansen, que Domingos Rodrigues fixou em A Arte da Cozinha, de 1680, o primeiro livro de cozinha portuguesa impresso. 

Depois, vale a pena pedir a sobremesa. A filosofia é a mesma dos salgados: pratos simples, com um toque de chef e bom produto. 

A sala está cheia de luz e a cozinha aberta é também ela muito bonita, entrando-nos pelos olhos. O serviço é acima da média, na atenção e domínio do menu. E a carta de vinhos, sendo curta, tem óptimas opções para quem está farto dos clássicos do costume e prefere produtores pequenos. 

Na Praça, vendem algumas dessas garrafas para fora, sendo uma das suas apostas os eventos com produtores de vinhos. De resto, podem-se comprar muitos outros produtos de qualidade, de leguminosas biológicas a enchidos, chás ou arrozes. Aos fins-de-semana, servem-se brunches. 

Em síntese. Almoçar fora é uma instituição lisboeta, por variadas razões. Muitos lisboetas têm de almoçar fora todos os dias, porque trabalham em Picoas e vivem em Carnaxide, ou porque vivem em Picoas e trabalham em Carnaxide, mas também, para muitos, o intervalo do almoço é o único momento onde podem conviver com os amigos, longe da vigilância do director geral, da tensão entre o casal e da berraria da filharada.

O Refeitório honra a instituição portuguesa do almoço, mas diz-nos que o convívio pode ser acompanhado de comida de qualidade, neste caso, com produto de topo e a preços respeitosos. Ide, ide. 

Detalhes

Endereço
Avenida Infante D. Henrique – Hub Criativo do Beato
Lisboa
1950-145
Preço
15-20€
Horário
Seg-Ter, 9.00-18.00, Qua-Sex 9.00-23.30, Sáb 10.00-23.30, Dom 10.00-18.00
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar