1. restaurante rua
    Fotografia: Manuel Manso
  2. Restaurante Rua
    Fotografia: Manuel MansoRestaurante Rua
  3. Restaurante RUA
    Fotografia: Manuel Manso
  4. Restaurante RUA
    Fotografia: Manuel Manso
  5. Restaurante RUA
    Fotografia: Manuel Manso

Crítica

Restaurante RUA

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Português
  • preço 2 de 4
  • Chiado/Cais do Sodré
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

O Miso é uma das grandes maravilhas da cozinha japonesa e brincar com ele pode ser perigoso. Feito de caldo de dashi, extraído de algas kombu
 e de bonito seco (peixe parecido com o atum), é das sopas mais retemperadoras que os humanos inventaram.

Ora, neste Rua, o miso apareceu com notas a cabeças de camarão grelhado, qual híbrido luso-japonês, meio miso, meio creme de marisco. Para tornar tudo ainda mais luxuriante, no topo vinha um camarão grande descascado, tenro e elástico, a acrescentar textura numa tigela cheia delas: tofu, cebolo, algas wakamé e folhas de capuchinha.

Grande abertura, como um teaser do MasterChef mas em bom, sem as repetições insuportáveis do programa televisivo. Lembrar que foi o MasterChef que trouxe Manuel André Fernandes para a cozinha: vencedor do programa em
 2015, apostando já na altura em ingredientes do mundo, este arquitecto foi depois aperfeiçoar a técnica na escola Le Cordon Bleu, em Madrid. Antes de se estrear a solo no Rua, ainda estagiou no Bagos, com Henrique Mouro.

A seguir ao miso, o nível continuou alto. O falafel, inspirado no tamiya, do Sudão, com endro, eram fichas de casino feitas de pasta de grão, estaladiças por fora, húmidas e pastosas por dentro; a acompanhar, um chutney ácido e com algum amargor.

Quanto ao bao de pato, não se trata de uma ideia original. De 
há uns três anos para cá, Lisboa descobriu estas panquecas chinesas recheadas, vendidas em supermercados do Martim Moniz, e tem-lhe metido lá dentro uma miríade de parvoíces. A versão 
do Rua trazia o pato desfiado sob cebola caramelizada e a panqueca esponjosa barrada com puré de pimentos, como um bolo fofo.

Os fígados de pato, por sua vez, foram servidos numa pequena frigideira borbulhante, com
um molho de vinho Madeira adocicado, alternativa à receita clássica, que usa Porto. Faziam-lhes companhia tostas finas de pão, caseiras e estaladiças.

Por esta altura, inebriado pela comida e pela banda sonora (The Doors, Cat Power...), pedi um cocktail com gin e tomilho, o Just in Thyme, com a erva no topo, sem tocar no líquido, funcionando apenas no olfacto. De resto, se há comida que aguenta um cocktail é esta, mas o mesmo não se podia dizer do meu estômago, que ainda teria pela frente uma mousse de framboesas, areia de chocolate e pistáchio.

Por provar ficou o caril verde, um dos pratos com que o chef ganhou o concurso da TVI, mas também
a tempura de espargos verdes,
o bacalhau fresco em polme de Guiness, a barriga de porco a baixa temperatura e as asas de frango coreanas, entre outros.

Manuel André Fernandes gosta de misturar e fundir cozinhas
e ingredientes, mas fá-lo com sentido e bom senso. Sabemos como o estrelato dos reality shows costuma ser efémero ou trágico, mas isso não parece ter acontecido com ele. O MasterChef está no bom caminho e tem já uma casa com bom ambiente, bom serviço e boa comida.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Rua do Século, 149 A
Lisboa
1250-095
Preço
Até 20€
Horário
Ter-Sáb 18.30-00.00
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