1. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira
  2. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira
  3. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira Chamuças de pato e laranja caramelizada
  4. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira
  5. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira Entrecosto caramelizado
  6. Rio de Prata
    Francisco Romão PereiraAtum braseado com xérem e berbigão
  7. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira Prego de Bacalhau em brioche caseiro
  8. Rio de Prata
    Francisco Romão Pereira Ovos rotos com duo de batata

Crítica

Rio de Prata

3/5 estrelas
O restaurante bandeira do Prata Riverside Village é um catavento gastronómico. Alfredo Lacerda comeu lá bem e mal, em menos de 48 horas.
  • Restaurantes
  • Marvila
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

A vida de um restaurante é instável. A de um crítico de restaurantes também. 

Vejamos. 

Dia da semana, almoço. 

É tudo lento, muito lento. As bebidas demoram 20 minutos, os dois croquetes de carne (na verdade, de alheira) de entrada 40 minutos, os pratos principais uma hora. 

De resto. O tornedó “médio passado” vem cozido por dentro. As batatas fritas aparecem amolecidas e húmidas. E o arroz cremoso de tamboril do dia, ainda que excelente, é rapidamente ofuscado por um leite creme que parecia um pudim.  

A sala está bem composta de pessoas que aproveitaram o sol primaveril de Inverno para almoçarem junto ao rio. O Rio de Prata está todo virado para o Tejo, de costas para Marvila, só vidros amplos e um jardim entre a sala e a água. 

A sala é bonita, sóbria, a cozinha aberta e bem equipada, com os cozinheiros calmos, porventura demasiado calmos. 

O empregado acorre no fim da refeição a pedir clemência. Não é bem um pedido de desculpas, é mais uma justificação. “Esperaram muito, não foi? Não contávamos com tanta gente ao almoço”. 

O rapaz tanto oficia no balcão como na sala. Ora dá conta de um cocktail, ora vem entregar a açorda de carabineiro. A seu lado, uma acartadora de pratos, apática e lenta como um Tesla a meio caminho do Algarve. 

No final do almoço, balanço e contas: mau serviço, um arroz óptimo, um tornedó com problemas, uma sobremesa que não devia ter sido servida. 

Segunda oportunidade. Dia da semana, jantar. 

Só uma mesa de seis pessoas, já a ser despachada. 

Chego às 20.29. Às 20.32 faço o pedido. Às 20.40 tenho à minha frente um polvo à lagareiro, um tentáculo tenro e tostado acompanhado de puré de batata doce, batatinhas em cunha assadas e uns grelos deliciosos.

Assim que termino o polvo, chegam as bochechas de atum. Mas, espera! As bochechas não cheiram a atum. Não parecem atum. Não sabem a atum. Ups. O empregado – um gabiru simpático e educado e com excesso de confiança – confundiu-se.

“Como pediu bochechas, eu achei que eram as de porco”, explica. 

“Mas eu disse bochechas de atum”, explico. 

“Como toda a gente pede de porco, eu ouvi de porco, peço desculpa”, contrapõe. 

Havendo dois pratos de bochecha no menu, diria que convém ouvir bem. Quem sabe, até – talvez –, apontar num papelinho.

Estão excelentes as bochechas de porco, com os legumes crocantes, glaceados, perfeitos. 

A meio, pergunta-se pelos vinhos a copo e só há três, sendo a carta bem feita e diversa. Ora, ao almoço, tinham-nos dito que tudo podia ser servido a copo. Era só querermos. Alguém se confundiu, outra vez. 

Tudo baralho e dado, como se avalia um restaurante assim?

Podíamos ter sido felizes, com um menu de almoço de 13 euros e o arroz de tamboril. Podíamos ter sido felizes com as bochechas de atum que eram de porco ou com o tentáculo de polvo. Mas é tudo tão instável que temos medo de voltar. 

Estamos sempre a ouvir isto dos chefs e restauradores: a consistência é a coisa mais difícil de se conseguir num restaurante. 

Neste Rio de Prata, falta isso e, eventualmente, também falta Carla Sousa, a chef que inaugurou o restaurante há pouco mais de um ano e que já lá não mora.

Detalhes

Endereço
Prata Riverside Village, 8 loja 6
Lisboa
1950-132
Preço
20-40€
Horário
Seg-Sex 12.30-15.30, 19.00-22.30
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