Baan Saraiva's
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Crítica

Baan Saraiva's

3/5 estrelas
O restaurante tailandês com a proposta mais ambiciosa e autêntica de Lisboa, falhou a Alfredo Lacerda na acidez, no picante e no preço. Uma pena.
  • Restaurantes | Português
  • preço 2 de 4
  • São Sebastião
  • Recomendado
Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

O restaurante foi apresentado como a pedra no charco da cozinha tailandesa em Lisboa, um charco que tem andado turvo. Em matéria de gastronomia thai, as águas da cidade são paradas, com dois ou três restaurantes razoáveis, sem serem emocionantes. 

Ora, a ideia do casal à frente do Baan foi precisamente trazer a coisa verdadeira, sem concessões. Foi assim que a história se apresentou a jornalistas e influencers, que se perfilaram a ir provar a carta, devidamente escoltados pelos donos, ele francês, ela também, mas de origem tailandesa. 

Na cozinha, por sua vez, três cozinheiros tailandeses, cada um vindo de três regiões diferentes do país – Norte, Centro e Sul –, uma forma da proprietária mostrar a diversidade da gastronomia do seu país. 

Olhando para a carta, as opções ultrapassam os clássicos do costume, mas não contornam os clássicos do costume. Nas entradas, por exemplo, há as clássicas espetadas de frango com molho satay, os rolos Primavera – abundantes no Sudeste Asiático – e pele de frango crocante com molho sriracha. 

[Uma curiosidade sobre o molho sriracha, que aparece a acompanhar vários pratos. O estilo de picante sriracha terá sido inventado por uma mulher tailandesa, na localidade de Sri Racha, na Tailândia, nos anos 1930, mas o molho só se tornou mundialmente famoso quando a marca Huy Fong, conhecida pelo seu logo com um galo, o comercializou com este nome. O produto foi criado e produzido na Califórnia por David Tran, um imigrante vietanamita, em 1980. A base do sriracha comercial são malaguetas vermelhas, vinagre e muito alho”.]  

Voltando aos “snacks”, questionado sobre a entrada mais autêntica, o assistente de sala sugeriu os camarões tigre pretos, com molho agridoce, erva-príncipe e hortelã. Eram cinco folhas de alface recheados com pedaços dos ditos cobertos por aromáticas. Notas de prova: tudo fresco, mas faltou intensidade ao conjunto, alguma coisa que ligasse a verdura e o marisco (camarão insosso) para além do molho de peixe. 

Avançámos para as sopas, sabendo que íamos atrás de um cliché tailandês, mas seguros de que, aqui, seria algo espectacular. A sopa tom yum é um clássico mundial, uma bandeira do país, um caldo perfeito e equilibrado com os quatro sabores que marcam a cozinha do país: doce, ácido, salgado e picante. Infelizmente, em quase todo o lado é feita de forma preguiçosa. 

Já escaldados da entrada ter sido muito doce, reforçámos o nosso apreço pelo picante ao assistente de sala. Ele compreendeu e levou a mensagem para a cozinha, mas a cozinha interpretou mal. 

A tom yum surgiu carregada de ingredientes a sério, com galanga em barda, folhas de lima kafir, cogumelos, ceboleto e os mesmos camarões fluviais da entrada, mas voltou a falhar nos contrastes. Sem a malagueta presente, sem um caldo intenso, sem acidez, o prato foi razoável e aborrecido, dominado pelo leite de coco e pela doçura. 

A terminar, um clássico de sempre, o arroz pandan, acompanhado de manga e natas de coco, tudo excelente, a começar na qualidade da fruta, a acabar na textura glutinosa do arroz. 

Em termos de bebidas, a refeição acompanhou com dois copos de vinho branco, um para cada um dos comensais, no caso o Dinâmico de Filipa Pato, que foi servido na cozinha, fora do alcance dos clientes, um erro grave do serviço, inusitado nos dias de hoje, sobretudo quando estamos a falar de um almoço que rondou os 45€ por cabeça. Acresceu a falha na temperatura do vinho, acima do desejável. 

Em síntese. É verdade que falta a Lisboa um restaurante tailandês de corpo e alma – e malagueta, acrescento eu – e que este Baan quer mostrar um pouco mais do que a concorrência. A questão é que a ambição promovida nas redes sociais e na imprensa esbarrou na realidade, menos entusiasmante e picante que os posts e, sobretudo, muito mais cara. 

Este tailandês não é para tailandeses, nem sequer para portugueses. Como tantos outros restaurantes de Lisboa, por estes dias, serve melhor os franceses. Uma pena.

Detalhes

Endereço
Rua Eng. Canto Resende, 3
Lisboa
1050-010
Preço
40-50€
Horário
Seg-Sáb 12-14.30, 19.00-22.30
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