1. Restaurante, Pastelaria, SMOR
    ©Mariana Valle LimaSMOR
  2. SMOR
    Mariana Valle LimaThaís Pires
  3. SMOR
    Mariana Valle LimaPão de queijo
  4. SMOR
    Mariana Valle Lima

Crítica

SMØR

3/5 estrelas
  • Restaurantes
  • Bairro Alto
  • Recomendado
Violeta de Vasconcellos
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A Time Out diz

A história deste espaço começou ainda antes de Thaís Pires deixar o Brasil. Foi aqui que em 2019 João Luc e Catarina Terenas criaram o Miolo, o pequeno café com comida para todas as horas e que não tardou a ganhar um espaço maior no Castelo. Quem tiver conhecido o Miolo, perceberá que pouca coisa mudou no espaço. Continua um pequeno café bonito, de ambiente harmonioso, onde apetece entrar. O nome até pode ser dinamarquês, mas o que aqui se faz tem pouco de nórdico e muito de brasileiro. A SMØR é uma pastelaria artesanal e não faltam os brigadeiros de vários sabores aos brownies, que tanto podem ser simples como levar cobertura de brigadeiro, nido com nutella ou doce de leite, até aos croissants e bolos. E é nos bolos que Thaís é especialista. Para comer à fatia, há bolo do dia e bolo de coco, mas também há a mais-valia de haver sempre bolos maiores para levar para casa (perfeito para safar qualquer data que mereça um bolo que não foi encomendado a tempo). Sendo Thaís brasileira, não podia faltar aqui o famoso e guloso pão de queijo, embora de uma forma diferente do habitual. Em vez de uma pequena bolinha, o pão de queijo da SMØR tem a forma de uma waffle. E há ainda um pequeno menu brunch disponível todos os dias. Por 9€, inclui uma bebida quente, um sumo de laranja, um croissant, ovos mexidos e uma fatia do bolo do dia.

Crítica

Quando, em 1945, uma dedicada moça carioca inventava um docinho para animar a campanha presidencial do seu candidato – o brigadeiro Eduardo Gomes – estaria longe de imaginar que a popularidade da sua criação suplantaria a do militar, que acabaria mesmo derrotado, ao contrário da trufinha, que passou já o limiar do século XXI.

Ao longo dos últimos anos, assistimos mesmo a um movimento de apuramento da receita, para ultrapassar constrangimentos que a tradicional colocava, nomeadamente demasiado dulçor e cristalização da massa.

Na SMØR, apesar da vitrine variada do pequeno estabelecimento – tem apenas um balcão para quem quiser provar in loco –, os brigadeiros são mesmo o ponto altíssimo. Provei uns quantos: o tradicional (de chocolate de leite), chocolate preto, churros (uma deliciosa e surpreendentemente nada enjoativa combinação de chocolate branco, canela e doce de leite), e coco (o adorável beijinho). A textura é a melhor possível. Não é demasiado puxa-puxa, mantendo os dentes a salvo. O doce é intenso – assumamos, não há como não o ser –, mas algo no cozimento suave da massa neutraliza aquele efeito de paralisação da boca. E os sabores prometidos eram absolutamente perceptíveis, para lá de qualquer açúcar assassino.

Não sei se foi desta barrigada feliz, mas tudo o resto que acabei por provar me insatisfez. Uma cookie que, apesar de linda, era demasiado doce e fatalmente saborizada com uma histérica baunilha sintética. A textura era aborrecida, apesar de ser entremeada com um chocolate endurecido. Coisa, aliás, que se replicava no brownie, também muito doce, também muito aborrecido (louvor aos pedacitos simpáticos de frutos secos). Quase bom era o bolo de banana – um daqueles bolos para lanche com café –, mas precisava de menos dez minutos de forno, e de menos bicarbonato (o que me irrita sentir o bicarbonato a metalizar a ponta da língua) e precisava muito de não ser polvilhado por uma incompreensível camada de açúcar cristal. E a tudo faltava sal. Mas, voltamos ao início, aos brigadeiros excelentes: vão por eles e não se distraiam.

*Os críticos da Time Out visitam os restaurantes de forma anónima e pagam pelas refeições.

Detalhes

Endereço
Rua Luz Soriano, 50
(Bairro Alto)
Lisboa
1200-247
Horário
Ter-Sex 08.30-17.30, Sáb 08.30-20.00
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