A primeira coisa que tem de perceber é que há vários “smash burger” na cidade. Como era previsível, a moda viajou dos EUA para a Europa e da Europa para este cantinho da Ibéria, com a rapidez de uma pandemia.
Daqui decorre que quando procuramos por “smash burger” – no Google Maps, por exemplo –, aparecem várias localizações e vários restaurantes.
Por erro, quando me incumbiram desta missão, fui parar a um “Smash Burger” da Rua Barão de Sabrosa, à Penha de França. Mas também podia ter ido ao engano ao “Stack Smash Burger”, da Rua Jacinta Marto, nos Anjos, ou ao restaurante com o mesmo nome na 24 de Julho.
Só depois de ter comido do “Smash Burger” da Barão de Sabrosa é que dei conta de que devia ter ido, afinal, ao “Street Smash Burger”, que tem já com duas localizações, uma no Cais do Sodré, outra em Campo de Ourique – e é o mais popular do momento.
Foi útil esse erro do destino porque pude ter melhor ponto de comparação. E devo dizer que gostei de ambos, mas gostei mais do “Smash Burger” do que do “Street Smash Burger”, não só pela carne do burger, como pelo preço, menos três euros do que o concorrente.
Em todo o caso, ficamos bem com os dois, até porque é difícil não se ficar bem com duas rodelas de carne tostada e prensada dentro de um brioche.
Falemos disso mas, primeiro, a história. Há quem diga que o smash burger nasceu num restaurante chamado Dairy Cheers, em Ashland, Kentucky, há mais de 50 anos, quando um funcionário decidiu usar uma lata de feijões para calcar uma almôndega na chapa.
Há também quem diga que tem mais de um século e que foi o início do hambúrguer, ou seja, que a moda de hoje é uma revisitação das origens. É possível, já vimos isso.
De resto, é fácil compreendermos o seu sucesso. Os humanos adoram uma coisa chamada que os cientistas apelidam de reacções de Maillard, que são uma transformação físico-química saborosa que acontece quando aplicamos calor a hidratos de carbono e proteínas e tornamos a comida castanhinha.
Ao esmagarmos uma bola de carne contra uma chapa estamos a aumentar a superfície castanhinha e portanto estamos a aumentar o sabor. Se em vez de um disco castanhinho tivermos dois discos castanhinhos dentro de um pão, se esse pão levar ovo e manteiga e açúcar, não precisamos de muito mais para sermos felizes.
E não há, de facto, muito mais.
A crítica que se pode fazer ao “smash burger” é que deixa menos margem para encher com cenas. No caso do “Street Smash Burger”, é mesmo tudo em mínimos, e só há uma opção do menu: três ou quatro rodelas de picles de pepino, mais um picado de cebola só para dar crocância, duas fatias de queijo, ketchup – e está feito.
E basta, na verdade. A carne esmagada do Street Smash Burger – 90 gramas cada disco – veio particularmente fina e muito bem caramelizada, ao ponto de parecer que se acrescentaram ali uns açúcares.
Quanto ao pão, mostrou-se um brioche fofo e fino, como deve ser, que ninguém quer encher a boca de massa.
No outro capítulo que importa, as batatas fritas (as doces e as normais), elas eram dessas que não sabem a batata, mas isso não invalidou que fossem coisas gulosas e relativamente estaladiças, pré-salgadas em salmoura antes de fritarem, acompanhadas de dois molhos de pacotinho dos bons, Ketchup e mostarda da Heinz, que já é mostarda a sério.
Que os smash burger floresçam, portanto, e que nos enganemos no mapa muitas mais vezes.