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    Francisco Romão Pereira
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Crítica

Talego

4/5 estrelas

É um dos menus de almoço de cozinha portuguesa com melhor relação preço-qualidade da cidade. Alfredo Lacerda diz que parecia que estava em 2010.

Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Como sabemos, a cozinha alentejana tornou-se numa marca e numa banalidade. Uma banalidade cara. A sua fama desmesurada levou muitos restaurantes a acharem que bastava atirar com uns secretos de porco para cima da grelha e a ensopar as migas de pão de carcaça com banha – e no fim cobrar 30 euros. 

Ora, há uns dias descobri que ainda há alentejanos dignos da sua gastronomia, incluindo em Lisboa, incluindo nesse quarteirão do consumismo que são as Amoreiras. 

O Talego é um restaurante de almoço, só serve almoços de segunda a sexta, e é um restaurante de menu de almoço. Ao contrário de outros estabelecimentos do género, todavia, aqui os pratos mudam todos os dias e são por volta de uma dezena. O menu-base custa 11,90€ e inclui couvert, sopa, prato, bebida e sobremesa.  

Isto podia não ser o melhor negócio da cidade, se a comida fosse bosta ou fosse micro. Mas não se dá o caso. 

Em duas visitas, tínhamos mais do que os lugares-comuns alentejanos. Eis o coelho com alecrim (e umas batatas fritas bonitas, descascadas à mão), a queixada de porco assado, a galinha frita com molho de tomatada – tudo servido em doses boas. Noutro dia, havia sopa de cação (o peixe magnífico, suculento), ensopado de borrego com hortelã, gaspacho (bem gelado) com carapauzinhos fritos de óleo limpíssimo.  

Acresce que a sopa é sempre sopa a sério, dessas feitas por cozinheiras que ainda descascam os seus legumes frescos, e nas sobremesas, entre outros, há sempre uma tarte de maçã competente e frutas frescas no ponto. 

Como é que é possível tanto por tão pouco? 

Os chefs da moda e outros que não são da moda dirão que é uma contabilidade impossível. Mas a verdade é que o Talego está de portas abertas há mais de um ano e ninguém ali parece querer desistir. 

O modelo pretende alimentar clientes habituais, que trabalham nas redondezas (não se vêem turistas), e despachar rapidamente o serviço. Ninguém pode dormir. Pelas 13.00, o restaurante costuma ter fila à porta (não há reservas) e até às 14.00 é um verdadeiro contra-relógio para servir o máximo de pessoas. 

Um dos empregados e donos – dois irmãos vindos de Mértola, de pronúncia bem marcada, treinados num restaurante de família – disse-me que servem perto de 120 clientes por dia, muita gente para as mãos disponíveis para cozinhar e servir. Ainda assim, o ritmo é perfeito, porque está tudo organizado e as preparações são feitas cedo.  

O preço, por sua vez, explica-se porque temos essencialmente comida de tacho e de forno e temos volume de clientes e temos clientes trabalhadores, que têm de voltar para o escritório e dão lugar a outros.

Nem tudo é especial (gostava de ter petiscos ainda mais fora da caixa), nem tudo é alentejaníssimo (gostava de ter outras azeitonas, com outro tempero, no couvert, por exemplo), mas ainda não conheço melhor, pelo preço que aqui se pratica e pelo atendimento próximo, informado e eficiente. 

Vão lá. Sejam simpáticos. Dêem o lugar a outros. 

Detalhes

Endereço
Rua Prof. Sousa da Câmara 147
Lisboa
1070-103
Preço
12-15€
Horário
Seg-Sex 12.00-15.00
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