1. Verde Minho
    ©Duarte DragoVerde Minho
  2. Verde Minho
    ©Duarte DragoVerde Minho

Crítica

Verde Minho

4/5 estrelas
  • Restaurantes | Português
  • preço 1 de 4
  • Lisboa
  • Recomendado
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A Time Out diz

Diz-se à minhota de qualquer coisa cozinhada ao preceito lá de cima. O bacalhau, por exemplo, em posta alta, de cebolada e aconchegado com batatas 
fritas às rodelas. Ou o arroz de entrecosto, infelizmente mais raro, malandrinho q.b., sempre com feijão, toucinho e chouriço de carne, envolvendo a chicha com travo de cominhos e colorau. São sabores com força telúrica, capazes de nos fazer sentir o lugar sem o pisarmos. Mas há apenas um ingrediente comum a toda a cozinha daquela terra, uma só característica apurada que define com exactidão o que é isso de servir à minhota. A saber: a gloriosa alarvidade das doses.

Eis portanto a primeira informação essencial sobre este Verde Minho, casa concorrida
 de clientela autóctone mas estrategicamente escondida da transumância turística numa curva da Calçada de Santana: meia dose é dose inteira por tuta e meia.

A grelha a carvão, plantada 
à janela direita de quem entra, 
é a oficina da melhor parte de uma ementa que vai rodando em dias mais ou menos fixos. Há um pito à quinta-feira que coloquei directamente no top de aves assadas em Lisboa, e uma entremeada de excelente porte à quarta. O bacalhau, já lá o encontrei precisamente como se espera, à minhota no preceito e na fartura, a cebolada rica, húmida, a saber a louro, e as batatas de boa qualidade (ocorrência cada vez mais digna de nota), no mesmo ponto perfeito de fritura e de sal que aqui as tenho encontrado sempre que servem de guarnição.

Já o arroz de entrecosto nunca
 o vi, mas tenho subido a calçada várias segundas-feiras em busca do entrecosto com arroz de feijão: um teclado de várias oitavas sem qualquer nota preta de fogo e os bagos no mesmo ponto de tempero e firmeza que os de arroz de peixe (em rigor, de corvina) que aqui 
se costuma achar à quarta. De 
tudo o que provei, só me desiludi ligeiramente com uns carapaus, coisa que não é tanto culpa do bicho ou da casa como minha, que já deveria saber que Lisboa não é lugar para peixe grelhado, menos ainda carapaus (um destes dias voltaremos ao assunto).

Para garantir mesa, não vá mais tarde que o meio dia nem mais cedo que as duas. Saiba que precisa de imaginação para sair daqui a pagar mais de 10€, da azeitona à sobremesa. E não estranhe se os sinais exteriores de simpatia não abundam. Eles por aqui cultivam-se lentamente. À minhota.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Detalhes

Endereço
Calçada de Santana, 17
Lisboa
1150-169
Preço
Até 10€
Horário
Seg-Sáb 12.00-23.00
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