Não estamos a falar de um restaurante, no sentido clássico. Este Wurst – Salsicharia Austríaca é um balcão fofo com uma dúzia de lugares sentados em redor, enfiado num cantinho do Mercado fofo de São Bento. Disto isto, a comida é enorme. Não só serve as melhores salsichas da cidade, como tem este dom de permitir-nos comer gordura animal sólida com a consciência tranquila.
É que as salsichas são biológicas, produzidas pela Wurst na Herdade do Freixo do Meio, perto de Montemor-o-Novo. E salsichas biológicas é como um chuto de heroína feito de papoilas livres de pesticidas e de talibãs.
A traficante de serviço é Maria Fuch, austríaca de Salzburgo encantada com Lisboa, sotaque luso-germânico encantador e indumentária tirolesa. É tudo finalizado por ela ali, à frente dos clientes, e é tudo especial. Há quatro variedades de salsichas, com mistura de bovino e suíno. A kaskrainer de queijo, grossa, grelhada, estaladiça por fora, um condensado extraordinário de umami, a minha preferida; a bratwurst, de recheio mais branco, também grelhada; a debreziner tem pimentão e piripíri e pica mesmo; a frankfurter é a clássica fumada (e bem fumada), o formato parecido com as industriais.
Nos acompanhamentos, a salada de batatas com cebola roxa, avinagrada, deliciosa; as batatas fritas não são estaladiças mas vêm com pele e muito sabor; o chucrute de repolho de fermentação jovem e ácida. Quanto aos molhos, essencial a mostarda austríaca, a rebentar de estragão. Ao lado, é servido um montículo de fiapos de rábano que por certo o vai lembrar a omnipresente pasta que condimenta o sushi pela simples razão que a omnipresente pasta que condimenta o sushi leva muito rábano (e pouco ou nenhum wasabi...).
Bebidas também fora de série, limonada e água com gás, sumo de mosto de uva, spritzer com xarope de sabugueiro e limão, boas cervejas austríacas biológicas Brauhaus Gusswerk. Dica: pergunte pelo doce caseiro do dia. Preço do festim: 10€. Não vão lá todos ao mesmo tempo, por favor.
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