Ricardo J. Vaz
Ricardo J. Vaz

As melhores peças de teatro de 2018

Variado e desafiante, o teatro mostrou a sua raça em tempos de dificuldades. Traçamos-lhe um roteiro pelas melhores cenas do ano.

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Todas as semanas fazemos questão de lhe mostrar que o teatro continua vivo e bem vivo em Lisboa com sugestões de peças para ver. Mesmo com a falta de apoios e com muitas estruturas a lutare por se manterem de pé, a qualidade do teatro não tem sido afectada e isso é de louvar. 2018 foi um bom ano para as artes de palco – até nos meses mais parados, Lisboa manteve um cartaz preenchido de peças de teatro para todos os gostos. Algumas, graças aos estranhos caminhos da programação e não ao desprezo do público, estiveram tão pouco tempo em cena que foi preciso correr para ver, que isto nunca se sabe se e quando são repostas. Contas feitas, estas foram as melhores peças de teatro de 2018.

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As melhores peças de teatro de 2018

A Boa Alma de Sé-Chuão

De Bertolt Brecht, Encenação de Peter Kleinert

É possível ser-se bom num mundo cruel? O autor não deu resposta, e, na montagem de Peter Kleinert, esta é ambígua e a conclusão ardilosamente deixada aos espectadores desta peça encenada como um espectáculo musical.

Colónia Penal

De Jean Genet, Encenação de António Pires

A direcção de António Pires cria um universo homoerótico dominado pelo desejo e pela ausência de esperança tão significantes na obra do escritor francês, numa assombrada construção dramática de um universo concentracionário e claustrofóbico cercado pela luz excessiva do deserto e dominado pela arbitrariedade.

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Credores

De August Strindberg, Encenação De Paulo Pinto

A madura e persistente racionalidade da peça torna esta obra relevante, a bem dizer quase um clássico, que Paulo Pinto encena com serenidade, ao mesmo tempo muito bem assumindo o papel do manipulador Gustavo, partindo do mote: afinal, de que falamos quando falamos de amor?

Filhos do Retorno

Autoria E Encenação, De Joana Craveiro

Para chegar a mais um capítulo dedicado à importância do passado histórico português, Joana Craveiro recorre ao conceito de pós- -memória para abordar a descolonização através de uma peça que flui coerentemente, ao mesmo tempo consciente das mentiras e mitos a que a memória recorre para esconder o racismo e a exploração e a violência.

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Hamlet

De William Shakespeare, Encenação De Companhia Do Chapitô

Com três corpos e uma mão-cheia de gravatas, a Companhia do Chapitô atira-se mais uma vez aos clássicos com uma dramaturgia que não deixa pedra sobre pedra deste monumento teatral, com o bónus do efeito secundário do riso compulsivo.

Imperatore

Autoria E Encenação De Pedro Sousa Loureiro

Entre o circo e o gabinete de horrores, os Pato Bravo observam esta era através dos seus pormenores. Parece uma festa. Mas também pode ser a última ceia… Houvesse um profeta – não apenas um mal-estar e uma vontade de acção.

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Mártir

De Marius Von Mayenburg, Encenação De Rodrigo Francisco

Vivemos tempos assaz complexos que o texto torna em subtil e ardiloso drama, pois, conhecidas as consequências, procura as causas da radicalização política e religiosa. O que foi muito bem compreendido pela encenação, que montou o espectáculo como um caleidoscópio social avariado pela intolerância e o sectarismo.

O Mundo É Redondo

De Gertrude Stein, Encenação De António Pires

António Pires regressa a esta lista por mor da sua especial relação com o trabalho de Gertrude Stein, desta vez montando um espectáculo luminoso e poético a partir de um livro infantil da autora.

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The Swimming Pool Party

De Ricardo Neves-neves, Encenação De Mónica Garnel

Tratado sobre o lado burlesco da aristocracia, a propósito de um crime e de uma senhora com um segredo cabeludo, dirigido como uma ilustração grotescamente lustrosa, esta peça é, com todos os seus condimentos, uma real pândega.

Sweet Home Europa

De Davide Carnevali, Encenação De João Pedro Mamede

Em cada história desta peça, o encenador, ilustrando a visão do dramaturgo italiano, mostra uma União Europeia nas lonas, aguentando a custo as pontas de um ideal resvalando entre a ganância e a xenofobia, como uma fábula onde o amor surge como acção política.

O melhor de 2018

  • Filmes

Sem surpresa, o ano de 2018 foi profícuo na televisão. São cada vez mais os nomes grandes de Hollywood, entre actores e realizadores, a aventurarem-se no pequeno ecrã (ou nos vários ecrãs). Uma consequência do crescente investimento dos canais nas suas produções. Em 2018 estrearam-se séries como há muito não acontecia e estas dez foram as melhores que vimos e até Portugal parece ter finalmente acordado para esta realidade. Sara não passou despercebida e ainda bem. Esperamos que seja apenas o início de uma era dourada também para a ficção nacional.  

  • Filmes

É bom fazer balanços. Olhar para trás e pensar no melhor e no pior seja do que for. Neste caso, do que vimos no cinema. Houve filmes maus, assim-assim, bons e muitos bons. E, entre estes últimos, destacaram-se estes dez, de diferentes géneros e proveniências. Dos melhores filmes de 2018, metade são americanos – de 15.17 Destino Paris, de Clint Eastwood, a Fahrenheit 11/9, de Michael Moore, passando por Linha Fantasma, de Paul Thomas Anderson – e o resto veio da Europa – como Guerra Fria, de Pawel Pawlikowski, ou Frantz, de François Ozon – e da Ásia – por exemplo, O Lamento, de Nia Hong-jin. 

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  • Atracções
  • Espaços públicos

No caminho para se tornar Capital Verde da Europa em 2020, Lisboa apostou no último ano na mobilidade sustentável e além da concorrida rede Gira, já existem quatro operadoras de trotinetas para partilhar na cidade. Mas houve um regresso muito especial, eléctrico e que serve bem os lisboetas: a carreira do 24 regressou este ano, entre o Camões e Campolide. E foi ao longo de 2018 que fomos dando conta dos novos espaços verdes da cidade e arredores, uma lufada de ar fresco numa cidade cada vez mais movimentada. Pelo caminho apanhámos uma Lisboa mais arranjadinha e com mais alguma mobilidade. 

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