Marta Carreiras
Cenógrafa, 43 anos
Quem mete o dedo no ar, normalmente, tem sorte: “Estava numa aula no Conservatório quando entra uma senhora e pergunta, muito séria: ‘Quem é que quer trabalhar?’”. Essa senhora era Natália Luiza, membro da direcção artística do Teatro Meridional, onde Marta Carreiras é cenógrafa há vinte anos. E ainda que trabalhe, pontualmente, com outras pessoas (Nuno Pinto Custódio, Bruno Cochat, Diogo Infante) é natural que seja “a Marta do Meridional”, e, dizemos nós, que o Meridional seja também o Meridional da Marta. A estética dos espectáculos da companhia, que em 2017 celebrou 25 anos, tem sempre que ver com a sua proposta. E esta coisa da cenografia, diz-nos, não é fechar os olhos e esperar pela ideia. “É diálogo, é confronto, é angústia. Um dia achas que tens a ideia certa, vens aqui e não é. Com os anos vais conseguindo não ter apego a uma ideia, mas é difícil... esta coisa da criação obriga-te a ir a um sítio qualquer para teres outra ideia”, confessa. Aqui estava a montar o espectáculo Dona Rosinha, A Solteira ou A Linguagem das Flores, de Lorca, que estreia esta quarta-feira nos Recreios da Amadora (e depois irá para o Meridional) com encenação da tal senhora, Natália Luiza.