Quando as instruções do compositor são seguidas, a 8ª sinfonia de Mahler exige uma orquestra com cerca de 120 músicos, dois coros com um mínimo de 32 cantores cada, oito solistas vocais e um coro infantil. Chamam-lhe “sinfonia dos mil”. É mais ou menos o mesmo que sucede com o Belmond Reid’s Palace. No histórico hotel da Madeira, para que tudo corra em harmonia e a tempo, há centenas de pessoas que todos os dias seguem a mesma pauta. A diferença é que aqui apenas vemos os solistas e pouco mais, que o resto da orquestra toca nos bastidores e só se assoma à boca de cena se for chamada a isso. No Reid’s tudo é serviço e o serviço quer-se assim: afinado, a compasso de metronomo, mas sempre discreto e sem ruído.
O edifício é um monumento com quase 127 anos de história. Ergue-se no lugar antes conhecido por Salto do Cavalo, uma falésia rochosa onde William Reid sonhou construí-lo. Reid, um escocês que chegou à Madeira com apenas 14 anos e aqui fez fortuna na importação e exportação de vinhos, fertilizou este terraço natural, ajardinou a superfície rochosa e criou um espaço único com uma vista dramática sobre o oceano e a baía do Funchal. Depois iniciou a construção que não chegou a ver concluída. As portas abriram dois anos depois da sua morte, a 1 de Novembro de 1891, ainda Mahler andava às voltas com a 2.ª Sinfonia.