As melhores festas tradicionais na Madeira

Haverá melhor ideia do que juntar amigos e família à volta de um cozido regional feito no fogo? Dificilmente. No último fim-de-semana de Janeiro, chova ou faça sol, é ver locais, turistas e curiosos a marcharem em direcção ao Chão da Ribeira, no Seixal, para se juntarem à volta daquele que deveria ser o “maior cozido do mundo”, na medida em que não tem limite de participantes. A única regra é levar as próprias panelas e matéria-prima e tratar de manter acesa a fogueira onde devem cozer, muuuuito leeeentamente, a couve, as carnes, os enchidos, as batatas e o que mais couber na ideia de um cozido à portuguesa com cheirinho madeirense. Como qualquer bom certame gastronómico, ao longo do dia há música e animação garantidas pelos convivas.

Com um clima subtropical capaz de dar vida a uma flora única, seria uma falta de consideração pela Natureza não honrar o que de mais bonito produz. Por isso, nas duas semanas seguintes à Páscoa (consulte o calendário para se situar nas datas), o Funchal transforma-se num enorme campo florido, com tapetes de flores de todas as cores e feitios, e janelas e fachadas decoradas. Este ano, a festa acontece entre os dias 5 e 22 de Maio, com o cortejo principal marcado para dia 8, altura em que pelas ruas da cidade desfilam centenas de carros alegóricos decorados a preceito. Na véspera, vale a pena passar pela Praça do Município e admirar o Muro da Esperança, feito a partir de flores oferecidas pelos habitantes. Ao longo das semanas, conte com espectáculos de música, folclore e barraquinhas com comidas e bebidas tradicionais.

Madeira Festa da Flor. Exposições e Animação 5 a 29 de Maio de 2022. "Muro da Esperança" dia 7 e "Cortejo Principal" dia 8.

Qual Rio de Janeiro, qual quê? Pensar no Carnaval da Madeira é ter imediatamente na cabeça a imagem de Alberto João Jardim de fraque de lantejoulas púrpuras e verdes a tocar tambor no meio da multidão. O antigo presidente do governo regional da Madeira já não preside às festas mas a animação continua com a euforia do costume. Ela é carros alegóricos, escolas de samba, porta-bandeiras, arruadas, bailes de máscaras e actividades tradicionais que recriam os antigos assaltos em que grupos de mascarados entravam pela casa dos amigos à espera de comida e bebida para dar início à noite. No fundo é uma espécie de Páscoa na aldeia sem a vertente religiosa. A 1 de Março, dia de Carnaval, o cortejo tem um carácter universal e está aberto a quem se quiser juntar, desde que devidamente vestido a rigor. Na escolha do disfarce vale tudo, o importante é participar. Por ser tipicamente uma festa de rua, as actividades relacionadas com o Carnaval do Funchal são de acesso gratuito.

Podia ser só mais uma festa do vinho - na Madeira há umas quantas a acontecer durante o ano, mas esta, que se junta à arte e ao artesanato será, porventura, uma a não perder. Ainda sem data anunciada, deverá acontecer durante o Verão e tem como missão celebrar as artes manuais e o vinho produzidos na ilha através de workshops de bordado e tapeçaria, oficinas de pintura de azulejos, exposições e, claro está, provas de vinho Madeira, onde pode ficar a conhecer a história da produção vitivinícola local. O Festival do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira terá lugar no Instituto do Vinho da Madeira, na Rua 5 de Outubro, no Funchal.

Acontece há 29 anos e tem como objectivo promover compositores tradicionais fora do circuito comercial e, sobretudo, preservar o património cultural das pequenas filarmónicas da ilha. Em Maio, ainda sem data anunciada, vale a pena rumar à Ribeira Brava e juntar-se ao desfile de bandas que toma conta das ruas da freguesia, em direcção à igreja local, onde todas as colectividades se juntam para um grande concerto de encerramento.

Game of Thrones, está a ver o estilo? É mais ou menos o mesmo género de cenário - sem dragões e guerras infinitas - que vai encontrar no Mercado Quinhentista, um festival que celebra a chegada dos descobridores à ilha da Madeira, através de uma série de encenações fantasiadas do século XVI, performances a cavalo, fogo cuspido, acrobacias, teatro ao ar livre, dança e música ao vivo. O centro da cidade transforma-se, assim, num gigante mercado medieval, onde não faltam barracas de comes e bebes, artesanato e oficinas de cerâmica e vime. Está marcado para Junho, ainda sem data oficial.

A ideia de que a sopa é uma coisa chata é completamente desmontada pela gastronomia madeirense, que faz dela um prato indispensável a qualquer refeição. Prova disso, e em jeito de homenagem, é a realização de uma feira inteiramente dedicada ao caldo quente, já em Junho próximo, na freguesia de Boa Ventura, em São Vicente. Na Feira das Sopas há, pelo menos 18 sopas diferentes à prova, com destaque para as mais tradicionais da ilha, como a sopa da avó, a sopa de castanha de caju, a de abóbora amarela, e a de alho e castanha, só para ficar com ideia da maravilha que por lá vai encontrar. Além das barracas dedicadas à sopa, pois claro, conte com espectáculos de rua e um leque variado de actividades para crianças.

Porta sim, porta sim, lapas é coisa que não falta em qualquer mesa de restaurante madeirense. Mais ainda no Paul do Mar, local de excelência para a apanha deste bivalve. Durante três dias do mês de Julho, a Festa da Lapa homenageia as lapas colhidas nas costas rochosas de Paul do Mar, um dos petiscos mais aclamados pelos comensais (locais e visitantes) e um dos motores da economia local. Durante a festa dão-se à prova algumas das versões mais famosas do receituário local, sendo as lapas grelhadas com manteiga, alho e limão, as grandes estrelas da ementa. Há música ao vivo, dj sets e muita animação, sempre com uma vista de mar desarmante.