Vanessa Barragão
© João Saramago O ateliê de Vanessa Barragão fica perto da Faculdade de Belas Artes
© João Saramago

No ateliê de... Vanessa Barragão

Há três anos trocou o Algarve pelo Porto e, desde então, dedica-se à tapeçaria. É no seu ateliê que cria, ponto por ponto, os seus tapetes inspirados no mar, nos corais e na natureza.

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Ainda não tinha idade para usar agulhas quando se começou a interessar por croché. Sempre foi o passatempo das avós e foram elas que ajudaram Vanessa Barragão a dar os primeiros passos na costura. Não demorou muito a perceber que queria ser designer de moda. Gostava de fazer os modelitos para as bonecas e, por isso, achava que era a carreira a seguir. Vanessa cresceu em Albufeira e estudou em Lisboa e depois da licenciatura fez o mestrado. Foi nessa altura que começou a explorar a lã: da ovelha ao tecido pronto a utilizar. Pouco depois surgia a ideia de fazer o que a própria chama de “tapeçaria para decorar a parede”. E sem querer descobriu a sua verdadeira vocação.

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No ateliê de... Vanessa Barragão

Em 2016 rumou a norte e mudou-se para o Porto, para estagiar na fábrica dos centenários tapetes de Beiriz, e, mais tarde, começou a trabalhar lá. Paralelamente, sempre teve os seus projectos e quando o volume de trabalho aumentou decidiu abrir um ateliê em nome próprio. As suas peças são feitas, em parte, com desperdícios de várias fábricas de tapetes, incluindo a de Beiriz.

O seu trabalho é inspirado no mar. Vanessa justifica-o dizendo que talvez seja por ter nascido e crescido numa zona costeira. “Lembro-me da primeira vez que vi corais e para mim foi uma experiência mesmo diferente”, conta. Em todos os seus tapetes aplica corais em croché feitos pelas avós, uma forma de as incluir no seu trabalho.

Recentemente, inaugurou a sua instalação mais ambiciosa: Botanical Tapestry, uma tapeçaria com 12 metros quadrados que está neste momento em exposição no aeroporto de Heathrow, em Londres. Durante a nossa visita ao seu ateliê no Bonfim, de onde saem bonitos tapetes cheios de cor e pormenores, que podem começar nos 800€, a artista estava a começar duas novas peças (bem mais pequenas) para uma galeria com quem colabora.

Está há três anos longe de casa e as saudades já apertam. Em Setembro vai deixar os tapetes de Beiriz e concentrar-se no seu ateliê. Quer voltar para o Algarve no próximo ano e ter uma vida mais calma. Lá vai conseguir estar mais próxima da família, ter mais espaço e, quem sabe, ter as suas próprias ovelhas.

No ateliê de... Vanessa Barragão

Roda de fiar

A roda de fiar que tem no seu ateliê, no Bonfim, foi-lhe oferecida por uma amiga holandesa, uma vez que neste país são muito comuns. Hoje em dia já não lhe dá muito uso porque, normalmente, a lã já vem fiada.

Coral

Os corais e a natureza são, desde o início da sua carreira, as maiores fontes de inspiração. A decorar o seu ateliê tem este coral verdadeiro que trouxe de casa dos pais, no Algarve.

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Ferramenta

Todas as ferramentas que Vanessa usa diariamente são manuais, o que torna o seu trabalho ainda mais complexo e pormenorizado. A da fotografia serve para fazer tufado, técnica para fazer padrões na lã.

Agulhas

“Foi o meu avô que fez estas agulhas. Ele não é carpinteiro, mas gosta de trabalhar com madeira. Vai fazendo assim algumas coisinhas, então, pedi-lhe uma agulha de fiar e ele fez-me uma colecção inteira.”

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Cadeira

Vanessa gosta de estar rodeada de pequenos objectos que lhe façam lembrar as suas origens. Um exemplo disso é esta cadeira que foi comprada em Monchique. Usa-a várias vezes quando está a fazer a parte inferior das tapeçarias.

Mais ateliês para conhecer

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  • Floristas

A natureza foi sempre uma parte importante da vida de Isabel Castro Freitas. Os avós e os pais viviam em casas com jardins e quintais onde ela passava muito tempo. Talvez seja por isso que decidiu estudar Arquitectura Paisagista. “Escolhi o curso porque tinha um grande fascínio pelo Gonçalo Ribeiro Teles [político e arquitecto paisagista português] que fala da natureza com muito encanto”, explica a flower designer. Quando começou a trabalhar, rapidamente percebeu que tinha queda para o detalhe e para os pormenores, ou seja, gostava de escolher flores, misturar texturas e brincar com cores. 

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Basta ouvir o sotaque de Irena para perceber que a designer não é de cá. É da Alemanha, diz-nos. Aliás, é “meia austríaca e meia alemã”. Nasceu em Munique, mas estudou design industrial na Faculdade FH Joanneum, em Graz, na Áustria. Ainda considerou a arquitectura, mas a família demoveu-a. “Estudei, então, design industrial que, se pensarmos bem, é a arquitectura de objectos pequenos.” E como é que o Porto entra nesta história? Irena veio para cá quando decidiu fazer Erasmus na ESAD — Escola Superior de Artes e Design, em Matosinhos. 

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Nove anos depois, o Oupas! Design está bem de saúde e recomenda-se. Este estúdio de design foi criado por três amigas, Joana Croft, Cidália Abreu e Sofia Farinha Gomes, quando saíram da universidade. "Tínhamos vontade de trabalhar juntas, mas não havia dinheiro para investir. Então, falámos com os nossos professores e eles deram-nos a oportunidade de fazer um ano de incubação na faculdade", conta Sofia. Aproveitaram esse ano experimental, não só para começar a construir uma carteira de clientes, mas também para descobrir qual seria a linguagem gráfica do estúdio. 

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